terça-feira, 3 de março de 2009

Combo

Bom, não posto nada há muito tempo, mas já que temos uma nova contribuidora (Moon) vou postar hoje 2 poemas. Espero que a chegada da nova escritora anime mais as coisas por aqui. Sinto falta do humor ácido do Sr. Márcio, do amor terno da Arya e das loucuras eventuais do nosso caro Ulisses.
enfim, postem. vou postar

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Desejo

Desejo o beijo, o ego, o desejo

Assim me vejo, restos de espera

É brando e cego, resta-me o ensejo

Beijo o desejo, e nós, os nós dos dedos

 

Eu apodreço de não realizá-los

Sem risco desconstruo o que sou

De sonhos cresço, de não tê-los calo

Não deixo que se acenda o frágil fogo

 

Arisco ou fraco, não me arrisco à causa

Sobra o desejo, a emoção e a pausa

De quando eu vejo meu amor assim

E o tempo engole a dura derrocada

 

Mas não me lanço no sem-fim abismo

E meu amor também não vai por mim

E quando o seu ar mui perto sinto

Controlo o peito a externar minha ânsia

 

Pois eu não sou mais ser na burra infância

Nem eu sou inseto que obedece o instinto

Não vou voar para o sol e encontrar lâmpada

E nem morrer na luz da minha ignorância 


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Anoxia

Desfaço minha mão no meu corpo

O meu leque de cartas marcadas

Pergunto se não és parte do caminho,

Mas não, pois já passas de toda estrada

E a seta óptica a se me observar diante do espelho

Meus calos, meus olhos, meus lábios vermelhos

Por dentro vermelhos, irrigados por veias e fluídos

Do não-meu sangue. Nosso sangue.

Enrubesço eu próprio. E réstias de luz forte a me queimar

E tua silhueta se forma por trás dos meus olhos

Da cor negra

Negra que é a cor do medo que se forma em mim com tua sombra

E falta melhor definição para medo. Que tu

E melhor definição para ti. É medo.

 

Desminto meus pesadelos e pecados

Eu finco minhas mentiras no meu corpo, em castigo,

Facas cujas pontas eu sinto, dentro de nós

E a dúvida afiada está comigo.

A incógnita desajeitada do desejo

Sem beijo, sem toque.

O medo do medo da morte.

E a morte é tua falta, é não ter ar teu

Teus pulmões, não os vejo, mas o sinto,

Em um ritmo quente, rápido, nervoso

Não mais que os meus pulmões

Que me engasgam e não consigo falar

Porque meus dentes trincam, minha boca sela, minhas narinas pifam

O meu corpo pára. Não é cedo.

 

Desato os nós que fazem os meus músculos rijos

Os nós da minha garganta e do meu peito

Eu choro um choro interno e castrado

Eu rio um riso frouxo e sem jeito

Não tem jeito. Meu corpo treme só com tua presença

Meu corpo teme não ser bom pra ti

Minha mente se ausenta, se implode

É a morte, não é cedo, é o medo em si

Meus dedos já não se bastam sozinhos

Minha pele já não busca teus carinhos

Mas busca tua palavra e tua voz

Pois se até a pele que não tem ouvido

Sua boca faz sentir os calafrios

Os mesmos calafrios do meu corpo

 

E fervo em uma febre desalmada

Contorço o meu corpo todo em vão

Não expulso uma palavra da minha boca,

Não encontro os meus pés tocando o chão

Prolixo, devaneio mil palavras

Extensos versos de cem poesias 

Mas não há poesia que se baste

E nem há poeta que se cale

Diante da palavra que não vem

Que todas as bocas em uníssono cantam

Que é o ídolo mor de cada autor

E todas as mulheres dizem amém

Pergunto se não és parte do caminho,

Mas não, pois já é mais que meu amor.

2 comentários:

Prof. Ulisses Martins disse...

Como assim loucuras eventuais?!

João Thereze disse...

asasaausaus
não quis dizer nada
eu adoro seus poemas.
hashahs
mas são loucos
e eventuais