quinta-feira, 19 de março de 2009

Ihul

Ver esse blog animado é muito bom, pessoal.
melhor ainda com as 3 últimas atualizações da nossa cara MOON
Srta. Arya também está escrevendo muito!
Vou postar mais um poema meu



Embriaguez.

 

            Embriagado em meu próprio seio

Despeço o ígneo arrepio denso

Dispo a pele bordada em fios tensos

            Enquanto a mim mesmo sustento e esteio

            - Findo é o corte cicatrizando o ventre

 

            Embriagado em meu próprio seio

Desvirtuei-me de um bafo quente

Desiludi-me de tal barro ardente

            E interrompi-me em meu próprio meio

            - o ápice do meu centro em mim mesmo

 

            Desembreaguei-me de apenas meu seio

E olhei-te e ao olhar-te só desfiz-me

Como ao escorrer o leite denso e firme

            A desbotar do meu corpo os arreios

            - A desbotar dos meus quadros coroas

 

            E ao mirar-te em qualquer encanto

Meus olhos cegam e meu peito se esboroa

E os nós dos dedos se desabotoam

            Que ao notar-te já desfaço em prantos

            - tamanha és tu, pedra do meu ser

 

            Atormentado por minha própria corte

Abandonei o cerne de mim mesmo

E deixei-me viver a toa e a esmo

            Para ter em tua vida a minha sorte

            - Para ter em teu tormento o meu sossego

 

            Pois és tranqüila em tradução celeste

És lâmpada que se acende e se perpetua

És o pudor de uma deusa nua

            És feita da ternura com que vieste

            - e tendo-te, terei em ti o paraíso

 

            Pois és da fala o mais certo som

Que irradia em luz o que te ouço

E que se forma em pus no meu pescoço

            Por encantar-me em cada nota e tom

            - És signo de dúvida, mas de mestria

 

            Pois és da existência o essencial

Que alumia em tons pastéis a aurora

E que se permanece em minhas horas

            E jaze como sombra em meu umbral

            - como uma sombra branca e radiante

 

 

 

            Pois eis que te recordo a cada instante

E que sua pele toca em meu corpo

Como uma seta que almeja o escopo

            E deixa a mão segura em um instante

            - Eis eu, o alvo, eis tu, a flecha

 

            E mesmo que me morra – agora e aqui

Embaraçado – pois teu nome alteio

Sei eu que morrerei sereno e cheio

            Pois morrerei embriagado em ti

            - pois morrerei eterno em teu seio