domingo, 30 de novembro de 2008

Inveja

Bom, eu sei que esse sentimento se nega a oportunidade de ser nobre. Cega nosso julgamento e murcha nosso respeito, mas... Fiquei com inveja do surto criativo de meus caros colegas e resolvi escrever, como sempre, na madrugada, esta Ode a ela: a noite.
Confesso que não me preparei, mas nem gosto de fazer isso. Penso que poesia, como já disse aqui anteriormente, é a fala do coração e, como tal, não é passível de retoques. Deve, por esse princípio, ser espontânea. E na minha espontaneidade às 2:25 da madruga nasceu este texto:

Ode à noite

Ó noite
Tão dicotômica é tua beleza
Na escuridão do teu olhar
Esconde-se a luz do amor
Na quietude de tua lua
Repousa o anseio pelo amanhã
No deserto de tuas ruas
Multidões procuram sentido
Na solidão do tempo implacável
Habita o desejo de tê-la imortal

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Sem titulo

Acho que este é, sem dúvida, o melhor texto que eu já escrevi.
Certo que já faz um tempo, mais este é o mais 'bonitinho' em muito tempo, só para constar.

Carcaça

Diante da solidão em que me encontro
Acho vivos resquícios de memórias em mim.
As marcas de teus suaves toques
Deixavam rubras minhas feições.
O vislumbrar de tua silhueta,
Revive tão distantes palpitações.
As marcas tuas deixadas para trás
Deixaram resquícios esquecidos em meu corpo
Tão marcado por sua constante presença.
Tua partida levou consigo parte de meu viver
Sem tua presença;
Sem teu cheiro;
Sem teu belo sorriso;
Angustiada é parte de meu coração.
Parte que ainda reside nesta carcaça, que perambula pelos dias a procura de memórias que tragam estas marcas a tona e tornem rubras as feições e revivam as palpitações.
As marcas de um tempo vivido,
De um amor esquecido,
Jamais desaparecem de um corpo que mesmo vivo decidiu morrer.

Descoberta

quero q me ajudem a dar um nome pra esse poema.
acabei de escreve-lo e nao consegui um nome...
(Sra. Arya, quero falar com você sobre isso)

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Graciosa e suave, vieste
Irrompeste das trevas,
Entraste com uma leveza celeste
Por minhas entranhas
Passaste o contrário do tempo que tinhas
E ficaste ao contrário da minha vontade
Trouxeste o olor de castanhas
Silvestres,
Com menos que um silvo vieste,
Discreta, selvagem e tola,
E feriste como a peste
Molestou grandes cidades
Coubeste com o encaixe perfeito,
No espaço por entre meus braços,
Provaste nenhum proveito,
Mas tocaste-me e me arrepiaste
Beijaste-me um beijo de santa
Tiraste-me as verdades pagãs
Trouxeste meus olhos pra ti
Metal atraindo imãs
Me traíste sem nunca amar-me
Me tiveste sem nunca querer-me
Sorriste na hora errada,
Passaste o contrário do tempo que tinhas
Olhaste na hora marcada
E ficaste ao contrário da minha vontade,
Falaste palavras sagradas
No espaço por entre meus braços
Respiraste ares amargos
Mas tocaste-me e me arrepiaste
E todos os meus caminhos me levam pra perto de ti
A graça veio suave
Entrou leve no meu céu,
O tempo que tinhas passou ao contrário
E minha vontade inverteu-te.
Te quero sem nunca te ter
Te amo sem nunca te trair
Estiveste na hora errada, falaste palavras erradas
Olhaste nas horas erradas,
Partirás também a mesma hora.
E na mesma hora deixarás de olhar.
E na mesma hora emudecerás.
Tal como vieste vás.
Vieste na hora errada.
Na hora errada também partirás.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Voltando

Lembrei meu login.
Enfim, eu definitivamente não consigo escrever mais nada 'bonitinho'. Não me perguntem porque. Não faço a menor idéia.
Acho que ando vendo, e lendo muitas coisas sobre guerras ou sei lá. Este texto não me agradou, mais vou postá-lo porque eu já não posto a muito tempo.

Mentes Fracas

Onde a terra é negra
Os homens padecem diante de irrevogáveis destinos


A batalha sangrenta matara dos dois lados
Um deles proclama-se vencedor
E nenhum escapa da culpa

O sangue que banha o chão
Das vidas vai se esvaindo
E é a morte que mais uma vez ganha
Sobre as mentes confusas e imaturas dos homens

Mais uma Guerra sem sentido
Mais corpos dilacerados;
E aos que sobrevivem, as marcas
Para lembrar-lhes por toda a eternidade
De um dia sem glória, sem boas lembranças, sem final feliz.

De mais um dia sem sentido.

João, comentei no seu soneto.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Passa o mundo

Sobre o tempo e a indecisão... talvez seja muito subjetiva...



Passa o mundo

Passa o mundo, passa
O tempo passa
E a vida passa.
O tempo para.

Para o tempo que passou
E posso ver tudo de frente
Em momentos que passaram
Passam param de repente
E destinos cruzados, seguidos
Meras tangentes
Tangem círculos e destinos cruzados

E eu de ser me desfaço
Para simples vivo homem
Em leito de morte, ou em conversa derradeira,
Para mero poeta sem mãos,
Sem beira e sem eira

Passa o mundo, passa
E o tempo para
Para toda a vida, inteira!
Para para ver seus lábios e seu sorriso
E para ouvir mais uma vez a sua voz
O tempo passa
E a vida passa
O tempo para

Para para a outra
Outra que eu sei que te insulta,
Só em presença.
Outra que insistes em chamar de outra

Passa, o mundo passa!
O tempo passa e passa a vida
O tempo passa, tudo fica.
Fica a vontade. E o desejo.
O arrependimento fica.
Passa, mundo, não passa!
Não sei se vou, mundo, ou fico.
Não sei se espero, mundo, ou faço.
Não sei se estaco, mundo, ou passo.
Fico em sinuca de bico.

domingo, 9 de novembro de 2008

Homem morto

esse... sei lá o que... texto... saiu do nada
acho q é um pouco de revolta com um mundo hipócrita de burros, ou um mundo burro de hipócritas... seja lá qual dos dois for o que nós vivemos...
enfim...

Homem morto
O homem fitava os outros homens com nojo estampado em cada linha do seu rosto
A cerveja manchava as linhas da blusa estampada do homem
Enquanto ria dos homens que forjavam nojentas e imorais piadas
De sexo e briga, e loiras e homens que riam do homem

O homem enturvava o ar, manchava a sala
O ar manchava o homem, sujava seus dedos
Seus dedos soltavam fumaça, e seu cigarro soltava seus dedos
A cinza caía por sobre os sapatos que caíam por sobre seus pés
Os pés pesavam ao homem, e os homens fitavam seus pés com nojo

Mas o homem fitava os outros homens com nojo dobrado estampado em cada linha do seu rosto
E os homens continuavam a dobrar a noite em piadas nojentas sobre o homem
E o homem continuava a rir dos homens.

Os homens não tinham compaixão do homem
O homem não tinha compaixão dos homens
Os homens torturavam o homem
O homem apenas ria
Os homens esfaqueavam o homem
O homem apenas ria
Os homens esmagavam o homem
O homem os fitava com nojo estampado em cada linha do seu rosto
Os homens estrangulavam o homem
O homem vomitava nos homens
Os homens matavam o homem
Mas não faziam nada
O homem já se matara

O homem já não mais existia
Existia seu corpo
E sua imagem
Existia seu peito
E sua dor
Existia seu coração, existiam seus olhos
Não existia seu nome, sua mente, sua alma
Não existiam suas frases, seus ecos, suas palavras

O homem não mais existia

E os homens faziam piadas sobre o homem que não mais existia
Enquanto o homem os fitava com nojo estampado em cada linha do seu rosto
E enturvava o ar
E manchava a sala
E manchava seu nome
E enturvava sua palavra
Que não mais existiam

O homem já não era o homem.
O homem já não era homem
O homem já era um dos homens.
O homem não sofria mais.
Ao homem não doía mais.
No homem não cortava mais.
O homem padecera.

E nem todo dinheiro no mundo poderia ressuscitar o homem.
Pois não era dinheiro
E nem todas as mulheres do mundo poderiam ressuscitar o homem.
Pois não eram mulheres
E nem todos os amigos do mundo poderiam ressuscitar o homem.
Pois não eram amigos.

O homem precisava de algo que o diferenciasse dos outros homens
O homem precisava de algo que tirasse a mancha de cerveja de sua blusa
Que tirasse o cigarro de seus dedos
Que tirasse a fumaça de seu corpo
Que tirasse o estupro do seu corpo
Que tirasse a morte de sua vida.


O homem precisava de um novo cérebro.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Soneto de dedicação

DEDICAÇÃO
Roube-me enquanto o silêncio me entorpecer a alma
E quando a eminência do choro me levar ao riso
E enquanto dos meus lábios brotarem dúvidas
E quando dos meus olhos brotarem anseios

Quando do meu peito soar o som célere
Do meu coração já grudado em teus seios
Do frenesi claudicante, harmônico e grave
Do meu corpo unido ao seu

Que nossas frases se tornem ecos
E nossas mentes se tornem escravas
Que nossas mãos se tornem adictas

Mas que nosso sangue se torne livre
E nossos olhos se tornem filhos
Enquanto o corpo ainda vive

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Faço minhs as palavras de Cora Ronái

A DERROTA DO PAES
Cora Ronái
Abrindo mão das próprias convicções (se é que um dia as teve), aliando-seao que há de mais podre no estado, gastando rios de dinheiro, jogando sujo,usando descaradamente a máquina estadual, federal e universal, beneficiando-seaté de um feriado mal intencionado, enfim, com tudo isso, Eduardo Paes sóconseguiu ganhar de Gabeira por 50 mil míseros votos.
Como vitória política, já é um resultado extremamente questionável; mas doponto de vista pessoal, é uma derrota acachapante.
Eduardo Paes levou a prefeitura, sim, mas de contrapeso ficou com umaquadrilha de aliados que não deixa nada a dever àquela que ele acusava opresidente Lula de comandar.
Vai ser prefeito, sim, mas vai ter de arranjar boquinhas para o Crivella,para o Lupi, para o Piciani, para a Clarissa Garotinho, para o RobertoJefferson, para a Carminha Jerominho, para o Babu, para o Dornelles, para aJandira... estou esquecendo alguém?
Conquistou um cargo, é verdade, mas conquistou também o desprezo maisprofundo de metade do eleitorado.
Em compensação, como carioca, perdeu a chance de viver um momentohistórico, em que a prefeitura seria, afinal, ocupada por um homem de bem, comidéias novas e um novo jeito de fazer política; perdeu a chance de ver o Rio deJaneiro sair do limbo a que foi condenado nas últimas décadas, e ganhar projeçãopela singularidade da sua administração.
Se Gabeira tivesse sido eleito prefeito, o Rio, que hoje não significanada em termos políticos, voltaria a ter relevância, até pelo inusitado dacoisa. Um prefeito eleito na base do voluntariado, do entusiasmo dos eleitorese da vontade coletiva de virar a mesa seria alguém em quem o país seriaobrigado a prestar atenção.
Agora, lá vamos nós para quatro anos de subserviente nulidade, quatro anosem que o recado das urnas será interpretado, pela corja que domina esta infelizcidade, como um retumbante "Liberou geral!"
Nojo, nojo, nojo.
FAÇO MINHAS ESTAS PALAVRAS.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Descontentamento político.

Estou obviamente transtornado com a derrota do Gabeira nessas eleições, não só por causa da derrota, mas principalmente pelos fatos que levaram a essa.
Enfim, de tão transtornado acabei escrevendo um texto. Mas preferi ser apartidário nele, preferi falar do cidadão brasileiro e como seu descompromisso está destruindo o país.

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Democracia deturpada
Tecemos diariamente duras críticas contra a sociedade estadunidense e o seu usual descaso com a vida fora de seu país. Denegrimos, volta e meia, o governo americano e suas guerras externas, os cidadãos e sua sede de violência descabida, sua política segregacionista e sua falta de cultura. O que não nos acomete a visão, porém, é que, enquanto nação, os Estados Unidos da América estão léguas a frente de nós.
Vivemos em um país que, não só pelo passado de inglórias mas também pelo presente de roubalheiras e falcatruas, governa e sempre governou com os bolsos e não com a cabeça.
Mas o cidadão brasileiro é de um completo descompromisso e desinteresse; fazemos vista grossa diante de problemas latentes, de trapaças sob nosso próprios narizes. Vivemos em uma comunidade onde a coletividade foi posta de lado desde que jovens foram às ruas defender suas ideologias contra o governo totalitário durante as décadas de 60 e 70. Hoje, marcados pelo individualismo, os brasileiros são apolíticos e indiferentes quanto aos problemas de cunho social que emergem do nosso próprio país. Por outro lado, sentem-se no direito de questionar outras nações, onde o povo realmente persegue suas ideologias e onde reside, verdadeiro, um sentimento nacional no peito de cada indivíduo.
Depois de anos sucessivos de demagogia, roubos e mentiras, é o momento de dar um basta na acefalia popular que assola o país, desse desinteresse, dessa omissão, dessas auto-ilusões, que fabricamos para nós mesmos para fingir que a realidade de nada tem a ver conosco, dessa vida de individualista que condena o país a um futuro perpétuo de hipocrisia política.
Esse momento não deve ser desperdiçado, esquecido ou escondido. Depois da vergonhosa sucessão de reviravoltas políticas, subornos e roubos que elegeram nosso prefeito, a nós cabe o dever, não mais direito, de reivindicar por uma eleição justa, uma apuração sincera.
Chega de macacadas no plenário, onde estadistas digladiam como animais, por popularidade e não pelo porvir do Brasil. Chega de democracia maquiada.
Devemos cumprir nosso dever, indo às ruas ou não, de lutar contra esse despautério, esse desrespeito para com o povo. Não importando a visão política, opinião partidária, temos que mais uma vez honrar a liberdade pela qual muitos morreram para nos conceder, gritar para que sejamos ouvidos, lutar para que seja feito valer o nome do nosso país. República Federativa do Brasil. República.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ah, só pra descontrair.

Mensagem pro Maluco.


Vivendo em uma ilusão...
Por quê?
Você tem tudo para dar certo
Mas você não quer viver a vida


Você nasceu nesse mundo
Mundo chamado real
E agora você se fecha
Na alameda do lugar nenhum
Em busca de um mundo que seja melhor
Para abafar o seu medo de ter rejeição


Foge de monstros e fantasmas que não estão nem aí
Pensa que todo mundo está em cima de você
Programando se para a defesa insegura
Com o alerta vermelho ativo em toda parte.


Relaxe, ninguém está conspirando contra você
Não, não viaje, a vida não é um jogo de caráter.
Pelo menos, pense que não seja...
Porque as pessoas não valem a pena.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

nada demais

só escrevendo

Redenção
De encontro ao meu, ainda está teu peito
Ouvindo o meu, silencioso e lento
De um abraço delicado e intenso
Que sem aviso fez parar meu tempo

Meus dedos apertados em tuas costas
Como evitando que escorressem lágrimas
Dos olhos castigados de lástimas
Que marejados refletiam o passado, enquanto esmagavam suas costas

Teus dedos apertados em minhas costas
Pedindo um perdão sombrio
Em busca de uma misteriosa redenção
Por um segundo de hesitação, enquanto seus dedos esmagavam minhas costas

E os meus braços voltando a dizer
Que mais uma vez o perdão existe
Mesmo pra quem sem pensar insiste
Em errar e persistir no próprio erro

E os meus olhos que não viam você
Mas enxergavam intrínseco em sua alma
A sua face que escondia calma
Sua ternura, seu instinto perro

Mesmo mudado o corpo resta a alma
Essa não muda, apenas a aparência
Resta a nós, amigos, a incubência
De o fazer voltar ao que fora

E não se podia mais esconder de nenhuma maneira
A lágrima, que na minha face ainda corre
E mostra de forma não tão costumeira:
“A amizade é um amor que nunca morre”

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Realmente fiquei viciado em publicar os e-mails que recebo

Esse é muito bom, uma prova de que tudo tem dois lados... seria Camões um pobre apaixonado, ou um garanhão frustrado?

O vestibular da Universidade da Bahia cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho de poema de Camões:


'Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer'.

Uma vestibulanda de 16 anos deu a sua interpretação

'Ah! Camões,
se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
consultavas a Internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo!'
Mais um e-mail que eu recebi, desta vez engraçado e inteligentíssimo

Prova de Química - Show de resposta!

Pergunta feita pelo Professor Fernando, da matéria Termodinâmica, no curso

de Engenharia Química da FATEC em sua prova final.

Este Professor é conhecido por fazer perguntas do tipo 'Por que os aviões

voam?' Nos últimos exames, sua única questão nesta prova paraa turma foi:

'O inferno é exotérmico ou endotérmico? Justifique sua resposta'

Vários alunos justificaram suas opiniões baseados na Lei de Boyle ou em

alguma variante da mesma.

Um aluno, entretanto, escreveu o seguinte:

'Primeiramente, postulemos que o inferno exista e que esse é o lugar para

onde vão algumas almas.

Agora postulemos que as almas existem; assim elas devem ter alguma massa e

ocupam algum volume. Então um conjunto de almas também tem massa e também

ocupa um certo volume. Então, a que taxa as almas estão se movendo para

fora e a que taxa elas estão se movendo para dentro do inferno?

Podemos assumir seguramente que, uma vez que certa alma entra no inferno,

ela nunca mais sai de lá. Logo, não há almas saindo.

Para as almas que entram no inferno, vamos dar uma olhada nas diferentes

religiões que existem no mundo e no que pregam algumas delas hoje em dia.

Algumas dessas religiões pregam que se você não pertencer a ela, você vai

para o inferno...

Se você descumprir algum dos 10 mandamentos ou se desagradar a Deus, você

vai para o inferno.

Como há mais de uma religião desse tipo e as pessoas não possuem duas

religiões, podemos projetar que todas as almas vão para o inferno.

A experiência mostra que poucos acatam os mandamentos.

Com as taxas de natalidade e mortalidade do jeito que estão, podemos

esperar um crescimento exponencial das almas no inferno. Agora vamos olhar

a taxa de mudança de volume no inferno.

A Lei de Boyle diz que para a temperatura e a pressão no inferno serem as

mesmas, a relação entre a massa das almas e o volume do inferno deve ser

constante. Existem, então, duas opções:

1) Se o inferno se expandir numa taxa menor do que a taxa com que as almas

entram, então a temperatura e a pressão no inferno vão aumentar até ele

explodir, portanto EXOTÉRMICO.

2) Se o inferno estiver se expandindo numa taxa maior do que a entrada de

almas , então a temperatura e a pressão irão baixar até que o inferno se

congele, portanto ENDOTÉRMICO.

Se nós aceitarmos o que a menina mais gostosa da FATEC me disse no

primeiro ano: 'Só irei pra cama com você no dia que o inferno congelar' e,

levando-se em conta que AINDA NÃO obtive sucesso na tentativa de ter

relações amorosas com ela, então a opção 2 não é verdadeira.

Por isso, o inferno é exotérmico.'

O aluno Thiago Faria Lima tirou o único 10 da turma.

CONCLUSÕES:

1) 'A mente que se abre a uma nova idéia jamais volta ao seu tamanho

original.' (Albert Einstein)

2) 'A imaginação é muito mais importante que o conhecimento.'(Albert

Einstein)

3) 'Um raciocínio lógico leva você de A a B. Imaginação leva você a

qualquer lugar que você quiser.' (Albert. Einstein)

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Outro dia recebi um e-mail do meu tio, sobre um policial do Arizona. Vocês podem ler o texto abaixo.
E dizem que prisão é caro... como dizia o título do e-mail: ESSE É O CARA



Joe Arpaio é o xerife do Condado de Maricopa no Arizona já há bastante tempo e continua sendo re-eleito a cada nova eleição.
Ele criou a 'cadeia-acampamento', que são várias tendas de lona, cercadas por arame farpado e vigiado por guardas como numa prisão normal.
Baixou os custos da refeição para 40 centavos de dólar que os detentos, inclusive, têm de pagar.Proibiu fumar, não permite a circulação de revistas pornográficas dentro da prisão e nem permite que os detentos pratiquem halterofilismo.
Começou a montar equipes de detentos que, acorrentados uns aos outros, (chain gangs), são levados à cidade para prestarem serviços para a comunidade e trabalhar nos projetos do condado.Para não ser processado por discriminação racial, começou a montar equipes de detentas também, nos mesmos moldes das equipes de detentos.
Cortou a TV a cabo dos detentos, mas quando soube que TV a cabo nas prisões era uma determinação judicial, religou, mas só entra o canal do Tempo e da Disney.Quando perguntado por que o canal do tempo, respondeu que era para os detentos saberem que temperatura vão enfrentar durante o dia quando estiverem prestando serviço na comunidade, trabalhando nas estradas, construções, etc.
Em 1994, cortou o café, alegando que além do baixo valor nutritivo, estava protegendo os próprios detentos e os guardas que já haviam sido atacados com café quente por outros detentos, sem falar na economia aos cofres públicos de quase US$ 100,000.00/ano.
Quando os detentos reclamaram, ele respondeu:
- Isto aqui não é hotel 5 estrelas e se vocês não gostam, comportem-se como homens e não voltem mais.
Distribuiu uma série de vídeos religiosos aos prisioneiros e não permite quaisquer outros tipos de vídeo na prisão.Perguntado se não teria alguns vídeos com o programa do partido democrata para distribuir aos detentos, respondeu que nem se tivesse, pois provavelmente essa era a causa da maioria dos presos ali estarem.
Com a temperatura batendo recordes a cada semana, uma agência de notícias publicou: "Com a temperatura atingindo 116º F (47º C), em Phoenix no Arizona, mais de 2000 detentos na prisão acampamento de Maricopa tiveram permissão de tirar o uniforme da prisão e ficar só de shorts, (cor-de-rosa), que os detentos recebem do governo.Na última quarta feira, centenas de detentos estavam recolhidos às barracas, aonde a temperatura chegou a atingir a marca de 138º F (60º C). Muitos com toalhas cor de rosa enroladas no pescoço estavam completamente encharcados de suor. Parece que a gente está dentro de um forno, disse James Zanzot que cumpriu pena nessas tendas por um ano.Joe Arpaio, o xerife durão que inventou a prisão-acampamento, faz com que os detentos usem uniformes cor-de-rosa e não faz questão alguma de parecer simpático.Diz ele aos detentos:
- Nossos soldados estão no Iraque onde a temperatura atinge 120° F (50° C), vivem em tendas iguais a vocês, e ainda tem de usar fardamento, botinas, carregar todo o equipamento de soldado e, além de tudo, não cometeram crime algum como vocês, portanto calem a boca e parem de reclamar.Se houvessem mais prisões como essa, talvez o número de criminosos e reincidentes diminuísse consideravelmente.Criminosos têm de ser punidos pelos crimes que cometeram e não serem tratados a pão-de-ló, tendo do bom e melhor, até serem soltos pra voltar a cometer os mesmos crimes e voltar para a vida na prisão, cheia de regalias e reivindicações.Muitos cidadãos honestos, cumpridores da lei, e pagadores de impostos não tem, por vezes, as mesmas regalias que esses bandidos têm na prisão."

(*) Artigo extraído e traduzido de um documentário da televisão Americana...Os fatos acima são verídicos e a prisão-acampamento está em Maricopa - Arizona.Ajude a divulgar se achar que a idéia é boa!!!

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Não mais mórbido, nostálgico.

Nem sei que nostalgia é essa de lembrar de um tempo que eu nem vivi (talvez a palavra certa nem fosse lembrar, mas...) mas como estou desenvolvendo uma série de trabalhos sobre a grande Ditadura, não custa postar uma poesia que acabei de escrever sobre o tema. 

           60

 Quando controlaram o que podíamos ouvir

Deixamo-nos escutar apenas o que queriam

Quando proibiram o que podíamos ver

Assistimos somente o que nos permitiam

Quando censuraram o que podíamos fazer

Fizemos apenas o que eles mandavam

Quando repreenderam do que podíamos rir

Rimos apenas das suas piadas

Quando condenaram o que podíamos sentir

Sentimos apenas o que nos cabia

Agora querem criticar o que podemos falar

E impedir o que podemos pensar

E isso já é direito demais aos tiranos

Revoluções liberais ocorreram há séculos

E mesmo assim continuamos a mercê de déspotas controladores

Em plenos anos

60

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Vocês pegaram tanto no meu pé que eu resolvi vir aqui e postar. Este é dificilmente um dos meus melhores textos; Porém, ele deixa claro o quanto esta sociedade em que vivemos é um lixo. Generalizando, é claro.

Brilho

Mais porque preocupar-se com tal sociedade?

Esta que carrega olhos austeros de um perigoMortal; Porém, sigiloso
Esta que vê o mundo com olhos brilhantes de cobiça

Agarrando tudo que lhe é de direito, e tudo que não é.

Mesmo que a vista que brilha de paixão Diga-lhe que o direito é de outro

E não seu.

Porque preocupar-se?
Mas estes olhos são cegos por cobiça.

Cegos, sedentos.

O brilho ofuscante acaba por cegá-lo

Não olhe, cegará você também.
Olhos que atravessam sua alma

Corroem-na até que o espelho reflita em seus olhos a cobiça.

E o brilho passe a vir de você.

Não, a culpa nunca é sua.

Mais você está cego e não surdo.

Mudo?Você foi avisado.Não olhe.

Neuroses

É absurdo o fato de você às vezes ser enganado por aquele que você tenta ajudar, ou melhor, usado. As pessoas mais generosas e mais simpáticas são na realidade as mais egoístas e as mais invejosas. Para onde você olha você vê gente ruim ao redor. Nada parece ter solução, todo aquele pensamento de que o ser humano é ruim vem à tona. São todos ladrões, todos enganadores, falsos, invejosos, ruins... Não sei mais quem é quem.É simplesmente uma observação que fiz, um desabafo. Meu vizinho, aquele que parecia ser a pessoa mais equilibrada do mundo, é um cara recalcado! Porra! Onde estamos! Tem gente se drogando, achando que está sendo o máximo, em sair de seu controle!
Outra coisa é a violência. Eu tenho de conviver com pessoas agressivas que não tiveram educação o dia inteiro. É só pegar um ônibus. Ficar sentado 5 minutos, e você verá alguma grosseria. O motorista passa do ponto, e o cara grita : “Ô motorista, não vai parar não ô filho da puta¿ e começa a bater no ônibus. Pra quê¿ O que você ganha com isso, tempo, dinheiro¿ Daqui você segue para o caixão, para debaixo da terra. Você virará comida de vermes.
Pra quê ser assim¿
As pessoas vão se matar, em breve.
Duas poesias que eu já tenho há um bom tempo, em homenagem a esta matança:


Neurose Coletiva
A Bomba veio pelo correio
Não havia nenhum receio
Ninguém esperava que aquela caixa ia explodir
Uma encomenda anônima, um sonho
Pronto para se destruir.


O que você tem a dizer?
Se você não pode saber o que é?
Que te cerca, que te leva para lugar nenhum


Ninguém vem por acaso
Acho que o mundo vai acabar com todos
Aqueles que tem alguém (à espreita)
Alguma coisa está te esperando
Uma força que está te puxando


O que você tem a dizer?
Se você não pode saber o que é?
Que te cerca, que te leva para lugar nenhum


A Bomba atômica foi a solução
Para problemas de interação
A gente só vai se tocar,
A gente só vai olhar,
Quando tudo acabar.


Não Há Volta
As pessoas adoram problemas
Adoram arrumar confusões
E querem destruir tudo que é novo


Vocês são todos otários
Achando que são alguma coisa
Daqui vocês morrerão,
E tudo será Pó.
Tudo virará Pó.


Pessoas, Lixo, Dinheiro Violência,
Sexo, Sofrimento, Amor, Morte
Paz, Guerra, Luxúria, Fome.
Não busquem problemas onde não têm
Não busquem problemas onde não têm.
Apenas parem de ser, tão...
Sujos.


Pessoas, Lixo, Dinheiro Violência,
Sexo, Sofrimento, Amor, Morte
Paz, Guerra, Luxúria, Fome.
Vocês irão morrer, e tudo irá acabar.
Não há solução para o que já está
Solucionado
Não, não há...
Não há volta, Não haverá solução.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Into The Wild

Vim aqui publicar um trecho de uma poesia do poeta inglês Lord Byron.

Esse trecho abre o filme Into The Wild (Na Natureza Selvagem), por isso o título do posto. Traduz exatamente como eu me sinto diante das mais belas paisagens naturais.


There is a pleasure in the pathless woods,
There is a rapture on the lonely shore,
There is society, where none intrudes,
By the deep sea, and music in its roar:
I love not man the less, but Nature more.

Lord Byron, Childe Harold's Pilgrimage

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A VELHA ESCOLA - PARTE 4

PARTE IV - 2007

Era o primeiro dia de aula, no colégio. Pelo menos de Marcelo como professor. Era professor do primeiro e segundo ano do Ensino Médio. Três horas com o primeiro na quinta, e três horas com o segundo na sexta.
Qual não foi sua surpresa ao constatar que a sala do primeiro ano ainda era exatamente onde era na sua época de estudante.
Ao entrar na sala, Marcelo teve vontade de se sentar em uma das várias cadeiras distribuidas pela sala e esperar pelo professor.
Então sobreveio um turbilhão de memórias. Marcelo se lembrou de entrar naquela sala, sentar-se na última carteira para poder conversar com Clara. Se lembrou de como ansiava terminar a escola, para ser justamente professor.
Uma lágrima escorreu pelo rosto de Marcelo.
Ele sentou-se em sua cadeira, à frenta da sala. Entou alguém bateu à sua porta. Ainda não era nenhum aluno. Era o professor Lúcio. Ele era um dos poucos que ainda trabalhavam na escola, mesmo tendo se queimado severamente no incêndio. Marcelo ainda não o contara que era um antigo aluno, nem ele o reconhecera. Queria esse informação só pra si, na primeira semana, pelo menos.
Ao extender o braço para lhe entregar um papel Lúcio deixou exposta uma das inúmeras cicatrizes do incêndio.
Marcelo sentiu uma enorme compaixão por aquele homem, mesmo sabendo que era o mesmo que tantas vezes o prejudicara.
O papel nada mais era do que a chamada e a lista de faltas.
Assim que o professor Lúcio se retirou, sem reconhecer Marcelo, os alunos entraram, um por um.
Era dos mais variados tipos, alguns mais atrasados que outros. Levaram quase quinze minutos para a turma se acertar em seus lugares, ainda conversando e no clima de férias.
Quando finalmente todos estavam sentados, Marcelo iniciou sua aula.

***

Fernando corria. A sirene do carro de polícia fazia um barulho que, em seus ouvidos, parecia ensurdecedor. Se escondeu em um beco. Se alguém o achasse ali, era seu fim. O carro passou direto. Finalmente, Fernando respirou com mais tranquilidade.
Olhou, o alívio estampado em sua face, para a mochila onde se escondia sua mercadoria. Aquilo era muito dinheiro. Começou a contar.
Dez mil. De uma tacada só. Em notas de cinquenta.
Olhou para o outro lado. Uma senhora, bem idosa, capengava pelo chão;
- Uma moedinha, pelo amor de Deus.
Pediu a senhora.
Fernando se sentiu enojado quando a mulher pegou na sua mão.
Era só mais uma, pensava Fernando. Mas essa mulher conseguira, de alguma forma, ao tocar a mão de fernando, tocar seu coração.
Fernando puxou uma nota de cinquenta dentre as muitas da mochila. Entregou nas mãos da mulher.
- Use bem.
Disse ele.
- Obrigada, meu filho, ainda existe bondade em você.
Respondeu a mulher.
Então as feições da mulher começaram a mudar. E, como mágica, sua mãe o olhava, com a nota de cinquenta nas bem presa nas mãos.

Fernando acordou. Fora um pesadelo. Ele se sentou em sua cama. Olhou o relógio. Três e meia da manhã. Naquele momento, o telefone tocou. Fernando atendeu. Era seu pai. Ele não sabia como seu pai conseguira aquele número, mas conseguira. Provavelmente pedira para o velho empregador de Fernando, com que ele ainda mantinha contato.
- Filho - disse o pai, com a voz extremamente baixa - vem aqui em casa, por favor.

As horas que se seguiram foram as piores da vida de Fernando. Ele chegou à casa de seu pai, que estava com os olhos vermelhos. Logo notou que as coisas não iam bem.
Então ele soube da verdade. Sua mãe havia morrido.
- Que horas?
- Eu te liguei assim que soube.

***

Depois de algumas semanas dando aulas Marcelo já se sentia à vontade com seus alunos e colegas de trabalho. Um de seus alunos, Felipe, era realmente bagunceiro e o lembrava de Fernando.
Era dia de reunião, e assim que Marcelo entrou na sala, percebeu que os olhares se voltaram para ele. A professora de Geografia tomou a palavra:
- Marcelo, porque você não disse pra gente que foi aluno daqui.
A pergunta pegou Marcelo surpreso, pois não esperava que esse pergunta lhe fosse feita desse modo, nem na frente de todos os outros professores, principalmente Lúcio, com quem, mesmo trabalhando no mesmo local, não mantinha nenhum tipo de relação além da estritamente profissional.
- Bem... - começou a responder - Eu... Preferia que não soubessem disso, é verdade, pois não queria que isso modificasse a forma como vocês me veêm como profissional.
A reunião foi um pouco constrangedora, mas aparentemente os professores engoliram sua desculpa.
Só aparentemente.
Ao final da reunião, quando Marcelo abria a porta de seu carro para ir embora, um outro carro parou ao seu lado. Ao volante, o professor Lúcio:
- Marcelo. Tá afim de tomar uma cerveja?
Perguntou Lúcio.
Não era mais o momento de fugir da verdade, teria que se confrontar com o velho professor Lúcio.
- Vamos. Onde?
Lúcio pareceu pensar um pouco, até que respondeu:
- Tem um ótimo restaurante na frente da praia, segue meu carro.

Chegando ao restaurante, estacionaram os carros logo após a esquina.
Aos poucos, o Sol ia se pondo, descendo de seu patamar, dando lugar à escuridão.
Dentro do restaurante, foram indicados a uma mesa próxima da janela. De lá, viram um homem sentado, solitário, em um banco.
Marcelo e Lúcio ficaram longos cinco minutos sem falar nada, até que Lúcio resolveu quebrar o silêncio:
- Então, qual foi o real motivo de você não ter contado para todos que você era um antigo aluno.
Marcelo sentiu-se supreso que Lúcio já não tivesse adivinhado os motivos:
- Eu não tinha motivos pra contar pra nenhum de vocês.
- Pra mim tinha!
- Tinha? Qual?
- Eu era seu professor! Eu gostaria de saber que estava trabalhando com um antigo aluno.
- Mesmo que o antigo aluno fosse eu?
- O que você quer dizer com isso?
Marcelo queria socar o rosto daquele homem, todas as vezes que quisera isso durante seus anos de escola vindo à tona.
- Você só atrapalhou minha vida, sempre me humilhando para os outros alunos, sempre me fazendo de babaca na frente de todos! Você realmente esperava que eu viesse todo feliz te dizer que seu velho e maltratado aluno estava de volta?
- Eu... Melhor irmos embora, Marcelo.
- É.

***


Fernando caminhou pela beira da praia. Fazia pouco mais de um mês que sua mãe havia morredo, pensava ele.
Infelizmente, ele não estava ali para pensar na mãe. Estava para roubar. Finalmente ele encarava suas atividades como um homem. Era um ladrão, e como tal agiria, não importando as consequências.
Então viu os dois homens saindo, indo na mesma direção. Sacou sua arma.
Chegou sorrateiramente nos homens.
Ouvia a conversa deles.
- Eu espero que você um dia me perdoe, Marcelo. Eu não fiz por mal.
- Um dia, Lúcio, quem sabe.
Então, sem pensar, puxou a camisa de um, colocando a arma encostada na testa dele.
Quando o outro se virou, percebeu que colocara a arma na cabeça do mais novo.

Marcelo nunca sentira tanto medo quanto quando sentiu o frio metal contra sua pele.
Lúcio não sabia o que fazer. Quando se virou, percebeu que algumas das feições não lhe eram estranhas.
Então reconheceu.
- Fernando... - disse ele - Não...
Mas Fernando não lhe deu atenção. Então, mesmo sem nunca ter sido treinado, Lúcio puxou a arma das mãos de Fernando.

Ao ter a arma puxada, Fernando reagiu institivamente, apertando o gatilho.

Lúcio sentiu uma estranha queimação em seu peito. No minuto seguinte, estava caído, o sangue jorrando.
- Fernando...
Disse com uma voz extremamente fraca, quase um sussurro.
Fernando ouvira, e então se dera conta de onde conhecia aquela voz. Era o velho professor Lúcio. Então o outro...
- Quem é você? Qual é o seu nome?
Gritou Fernando, desesperado, arrependido do que acabara de fazer.
Marcelo percebeu que havia algo estranho, e mesmo com medo, respondeu:
- Marcelo.
O mundo de Fernando ruiu naquele momento.
- Marcelo... - começou ele, com a voz fraquejando - Sou eu, Fernando... do colégio.
Então tudo ficou claro.
Marcelo odiara aquele homem, quando ele ainda era um menino, com todas as forças, mas agora não queria o mal dele. Seu arrependimento de ter acabado de matar seu professor preferido seria suficiente.
- Corre, Fernando! Corre antes que eu chame a polícia! Corre, porra!
E ele correu.

***

Era o enterro de Lúcio, e Marcelo e Clara, assim como todo o corpo docente do colégio, caminhavam lentamente pela cemitério. Chovia muito, portanto todos os guarda-chuvas estavam erguidos.
Enquanto os empregados do cemitério desciam o caixão, e o padre resava as últimas preces, Marcelo percebeu um homem, bem ao longe, ajoelhado, olhando diretamente para o enterro de Lúcio.
Se aproximou do homem.
Era Fernando. Ele chorava, as lágrimas brilhando contra a luz pálida que vinha do céu.
- Então, e agora?
Perguntou Marcelo, ciente de que olhares se voltavam para ele, inclusive o de Clara.
- Eu não sei. - Respondeu Fernando - Mas... Você não contou a ninguém que fui eu, contou?
- Não.
- Então agora só me resta buscar redenção, de alguma maneira.
- Adeus, Fernando.
- Adeus, Marcelo.

***
Marcelo chegou para mais um dia de trabalho.
O Colégio ainda não encontrara um novo professor de Literatura, mas logo encontraria.
Os alunos o esperavam. Ele começou sua aula.
Ao fim da mesma, ao sair do colégio, olhou para trás.
E lá estava ela, majestosa, triste, cheia de histórias. Lá estava, imóvel e bela, A Velha Escola.

***

Fernando agora buscava a redenção, e sua maior fonte de força era sua mãe, e sua últimas palavras, que embora ninguém o tivesse dito quais foram, ele sabia perfeitamente quais eram. Ela as tinha dito somente para ele, em seu sonho:
"Obrigada, meu filho. Ainda existe bondade em você"





Comentário do autor:

Como disse antes, A Velha Escola possui um teor autobiográfico na primeira parte, mas, após isso, toda sua história é fictícia, exceto por pequenos detalhes que prefiro não especificar.
O personagem Lúcio é o único completamente baseado em uma pessoal real, exceto por seu final.
A pessoa na qual ele foi baseado tem plena consciência da minha opinião sobre ela, pelo menos eu acho, e saberá quem é se um dia ler o conto.

sábado, 20 de setembro de 2008

Segredos

Resolvi escrever aqui um poema meu do qual eu gosto muito! Chama-se segredos, espero que vocês também gostem!

Segredos

Por que tê-los?
Se para tê-los, por que fazê-los?
Pois quando revelados são demasiado dolorosos
Se dolorosos, porque provoca-los?
Indubitavelmente errados, ou não os seriam
Se corretos fossem, desnecessário fazê-los
Tarde aprendi que nada valem
Machucam, aviltam, ressecam e torturam a alma
Criando a angústia que persegue até ao leito moribundo
Tornando-nos vazios e opacos, num mundo repleto de brilho

terça-feira, 16 de setembro de 2008

A VELHA ESCOLA - PARTE 3

PARTE III - 2006

O casamento tinha que ser perfeito. Marcelo e Clara estavam, pela milésima vez, revisando a lista de convidados: antigos colegas de escola, colegas de faculdade, amigos de outros locais, família... Mas dentre todas as possibilidades de convidados, os antigos colegas de escola se mostravam os mais problemáticos.
Alguns eram praticamente impossíveis de encontrar, como Fernando, que Marcelo só chamaria por educação.
Mesmo assim, todas as tentativas foram feitas, ainda assim, além de Fernando, outros oito não foram achados.
No dia do casamento, Marcelo sentia como se toda a vida se resumisse a aquele momento, como se toda a sua trajetória se resumisse naquilo.

***

Casar na Igreja fora uma exigência de Clara, pois seus pais eram católicos e sonhavam que ela casasse na igreja.
Marcelo esperava ansiosamente pela entrada de sua noiva. Todos os convidados calaram-se, aguardando ansiosamente os primeiros passos de Clara dentro da igreja.
E então ela entrou. Sua beleza radiante iluminava todas as faces de espanto que permeavam a belíssima igreja em estilo barroco.
O tempo decorrido entre sua entrada, com seu pai, e o "pode beijar a noiva" quase não existiu. Tudo, para Marcelo, era só um borrão de felicidade, que começou a se tornar mais lúcido na festa, quando a conversa com uma antiga colega, Camila, se virou para a velha escola:
- Mas e aí, vocês têm tido notícia do colégio?
Perguntou ela.
- Não - respondeu Marcelo - Desde que saí de lá não ouvi mais falar.
Então Marcos, outro antigo colega, se aproximou:
- Eu tenho tido notícias do colégio.
E desatou a contar todos os fatos ocorridos na velha escola, desde o final do ano de 1997.
Assim que Marcelo, Clara, e todos os outros terminaram o terceiro ano, Fernando repetira novamente o segundo ano e saíra do colégio. Naquele mesmo ano, uma tragédia se abatera sobre a instituição: Um incêndia nos prédios do primário, que causara a morte de cinco alunos e da antiga diretora, Dona Alice.
A notícia não era exatamente das melhores, mas eram águas passadas. Pelo menos era o que pensava Marcelo.
Depois do incêndio, o colégio fechara por um ano, mas assim que foi reaberto, a maior parte do corpo docente voltara, inclusive o professor Lúcio, que ficara hospitalizado por semanas, depois de ter tentado salvar algumas crianças do incêncio.
Após esse eventos, o colégio se normalizara.
- Mas esse ano é o último ano do professor de história. Ele vai se aposentar. Porque você não tenta a vaga, Marcelo?
Terminou Marcos.
- É - disse Camila - Por que não? Já imaginou, voltar?
Marcelo não respondeu. Na verdade, já imaginara, sim, voltar, mas nunca considerara isso uma real possibilidade. Agora, isso ERA uma possibilidade.

***

A dúvida atormentara Marcelo quase até o final do ano. Tentar ou não a vaga como professor na Velha Escola, que era como ele a chamava sempre que a ela se referia.
Lembrava-se de todos os momentos, como flashbacks dolorosos de um passado distante, como se fosse a vida de outra pessoa.
As brigas, as paixões, o primeiro encontro com Clara... O primeiro encontro com Clara. O lugar guardava sua lembrança mais querida. Será que viriam outras?
Só havia um jeito de descobrir. No dia seguinte iria à escola. E conseguiria o emprego. Desse dia em diante, sua vida nunca mais seria a mesma, pois estaria retornando para a Velha Escola.

***

Fernando nunca ficou sabendo do casamento de Marcelo. Mas isso não importava. O que importava era o momento. E o momento era de executar mais um de seus... trabalhos.





Comentário: Apesar de alguns aspectos de A Velha Escola serem de certa forma autobiográficos, a história em si não é baseada em nenhum fato que tenha acontecido a mim ou a qualquer outro.
Entretanto, qualquer semelhança com pessoas reais não é mera concidência, apesar do mesmo não se aplicar aos fatos. Ao fim da parte 4 explicarei melhor tais aspectos e suas implicações do meu dia-a-dia.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A VELHA ESCOLA - PARTE 2

PARTE II - 2002

Marcelo finalmente realizara seu sonho. Estava terminada a faculdade. Agora, imaginava ele, tinha todo um futuro a sua frente.
Marcelo então se lembrou de alguns fatos que marcaram seu período na escola. Lembrou-se então do professor Lúcio Pereira.
Subitamente se viu tomado por uma curiosidade. Será que o professor sabia que o aluno que sempre brigava com ele se tornara nada menos que um professor? Não de literatura, como ele, mas de história, entretanto ainda assim um professor.
"Engraçado", pensou, "os rumos que a vida toma. Desde a sexta série eu tenho problemas com um professor, e quando me formo, viro um professor"
Naquele momento, pensou em Clara.
Clara que se mudara para os Estados Unidos assim que terminaram o segundo ano, pois seu pai arranjara um novo emprego que demandara uma mudança.
Como ela fazia falta... Tudo que Marcelo queria era Clara ali, ao seu lado, no momento mais feliz de sua vida.

***

Fernando apertou mais o parafuso.
"Que situação, pensou ele".
Desde que repetira o segundo ano, Fernando nunca mais fora o mesmo. Quando repetira a segunda vez, ele saiu do colégio.
Seu pai o obrigara a estudar em um colégio público. Depois de seis meses, fugira de casa. Arranjara um pequeno emprego como mecânico, mesmo que não entendesse nada de mecânica, que dava pra pagar "qualquer merda" em algum canto da cidade.
Com o tempo, conquistara a confiança do patrão, e passara a entender de mecânica. Agora já ganhava um salário maior, o que não queria dizer muita coisa.
Enquanto apertava o parafuso, seu patrão o chamou.
Ao entrar na sala imunda em um canto da oficina Fernando percebeu que não estava tudo bem.
Seu chefe aparentava cansaso, além das visíveis olheiras em seu rosto. Algo estava muito errado.
- Por favor, Fernando, sente-se. - disse o chefe - Olhe isto.
E o chefe estendeu um papel, que visivelmente fora dobrado e desdobrado inúmeras vezes.
Fernando não podia acreditar no que via. Era impossível. Como as contas poderiam fechar assim.
O chefe percebeu a surpresa de Fernando, e se limitou a confirmar com a cabeça, até que finalmente falou:
- Por conseguinte, vamos ter que fechar a loja.
- Mas... Carlos, e todos os funcionários? - perguntou Fernando - E eu!?
- Sinto muito, Fernando, mas é inevitável.

Fernando ainda se perguntava como conseguira chegar à casa naquele dia. Cada passo parecia que uma bigorna estava atada aos seus pés. Ele via seu futuro indefinido. Como sairia daquela situação? Ainda tinha suas economias, mas elas não durariam muito.

**** 2 meses depois ****

Marcelo não acreditava que recebera aquele telefonema. Pegara seu carro, recém adquirido, e partira em direção ao aeroporto. Tantos anos depois, e Clara estaria de volta.
Assim que chegara, ao invés de pegar um táxi, Clara o telefonara para que ele fosse buscá-la.
Assim que encostou o carro no terminal ele a viu. Maravilhosa, exuberante. Ela se dirigiu ao carro, colocando sua bagagem no porta-malas.
Mesmo sem muitas esperanças, Marcelo se arrumara para convidá-la para jantar. Como se estivesse tudo ensaiado ele começou:
- Então, Clara, onde vai pretende ficar, agora de volta ao Brasil?
- Na casa de uma prima, não muito longe da sua, pelo menos até eu alugar um apartamento ou coisa assim.
- Entendo
- Assim que eu me acertar melhor aqui eu te ligo, e a gente faz alguma coisa.
- Mas... você gostaria de ir jantar comigo hoje?
- Hoje? Sim... claro.
- Então vamos.
- Assim, direto daqui?
- É!
Clara pareceu surpresa, mas logo se recuperou, de forma a aceitar o convite de Marcelo. Naquele noite, depois de algumas bebidas, eles acabaram confessando sentimentos um pouco mais profundos um pelo outro, e, como alguns muitos jovens como eles, acabaram na casa de Marcelo. O celular de Clara tocava sem parar, sua prima tentando, preocupada, falar com ela.
Mas aquela noite era deles. E depois desse dia, não se largaram mais.

***

Fernando passara os últimos dois meses vivendo de suas economias, que já estavam acabando. De vez em quando voltava seus pensamentos para o velho pai, e onde estaria agora. E foi em um desses dias que tomou a decisão de procurá-lo.
Chegou à sua casa durante a noite, e bateu na porta.
Alguns segundos depois seu pai apareceu, vestindo pijamas e fumando um cigarro. Não pareceu feliz em ver Fernando.
- O que você quer?
A aspereza em sua voz surpreendeu Fernando.
- Pai... eu fui demitido, preciso de ajuda!
- E agora você vem me pedir ajuda. Aqui a ajuda que eu vou te dar.
Entrou em casa, pegou a carteira, tirou uma nota de cem reais e colocou na mão do filho:
- Talvez um dia você volte para esta casa com a mesma aparência com que saiu. Nesse dia eu aceito você como filho novamente.
E bateu a porta.
Fernando apertou os cem reais em suas mãos, e saiu.
Ao sair, notou uma movimentação estranha em um beco cem metros adiante. Era um assalto. Fernando se aproximou sorrateiramente. Sem que o meliante percebesse, ele chegou perto por trás, e com um rápido movimento, tirou a arma das mãos do sujeito.
- Vaza daqui!
Disse Fernando, apontando a arma para o bandido. A vítima então também saiu correndo, deixando Fernando sozinho com a arma em mãos.
Guardou a arma em uma gaveta, e por mais algumas semanas permaneceu olhando para ela, pensamentos maldosos percorrendo sua mente. Roubar, uma forma mais fácil de conseguir dinheiro!
E assim seria.
Foi no mesmo beco onde conseguira a arma. Esperou alguém se aproximar. Rendeu um pobre cidadão. Pegou o dinheiro dele. Antes que se desse conta, o homem avançou sobre ele. Dois disparos.
Fernando pegou a carteira da vítima e saiu correndo, repetindo para si mesmo que fora um acidente, quase que religiosamente.
Mas não fora, e Fernando sabia disso. Era bom. Era fácil. E era quase garantido.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

A VELHA ESCOLA - PARTE 1

O conto A VELHA ESCOLA será dividido em quatro partes, em quatro anos distintos.
Aqui vai a primeira.
A Velha Escola


Parte I - 1995

Marcelo chegou ao colégio. Era uma quinta-feira. O dia da aula de literatura, no primeiro ano do Ensino Médio. Ele tinha motivos para temer a aula. O professor não era exatamente o que se chama de flor-que-se-cheire. "Mais um dia isso será claro para todos", pensava Marcelo.
Talvez sua infelicidade só se comparasse em tamando à felicidade de Fernando, chegando ao mesmo colégio, colega de classe de Marcelo. Literatura não era exatamente seu forte, talvez porque leitura não fosse sua atividade preferida, mas o professor era, na sua opinião, muito gente boa, um cara ótimo.
Marcelo e Fernando não se gostavam muito. Faziam trabalhos juntos quando precisavam, mas nunca foram amigos, nunca frequentaram os mesmos locais e quase nunca concardavam.
Ambos entraram na sala de aula ao mesmo tempo.
O professor Lúcio entrou. Como sempre, trazia em suas mãos uma pasta de tom bege, onde colocava toda a sua papelada e etc.
- Bom dia.
Disse ele, e a turma automaticamente respondeu a mesma coisa.
- Por favor, sentem-se - ele falou pra alguns alunos, no que foi obedecido - bom, eu pedi pro inspetor trazer a televisão pra cá. Como hoje entraremos em Barroco, quero que vejam um vídeo feito pelo primeiro ano do ano passado sobre isso.
"Melhor assim", pensou Marcelo, "pelo menos ele não vai me encher a paciência".
O vídeo começou. Marcelo percebeu uma movimentação no canto da sala. Era Fernando, que junto com Marcos, Camila e Pedro faziam uma baguncinha. O professor Lúcio olhou para lá. Pareceu que os alunos tinham entendido a mensagem, e por alguns minutos, ficatam mais quietos.
Então o barulho recomeçou. O professor, percebendo que somente seu olhar não adiantara, resolveu dizer alguma coisa.
- Meus queridos, por favor...
- Pô, desculpa aí, professor - disse Fernando - foi mal.
O vídeo que recomeçara. Lúcio se sentou bem atrás de Marcelo, que somente por isso se sentiu desconfortável. Então percebeu um detalhe. Ele poderia estar na frente do professor.
- Professor - disse ele - eu tô na sua...
- Olha o vídeo.
Interrompeu o professor rispidamente.
- Mas eu... - continou Marcelo - eu tô na sua frente?
- CALA A BOCA - berrou o professor, sobressaltando toda a turma - não percebeu que eu quero ver o vídeo.
Marcelo calou a boca, se sentindo um pária em relação a turma. A raiva subia a sua cabeça. Mais um pouco, um único ato daquele desgraçado, e ele iria explodir.
Foi então que sentiu uma mão nas suas costas. Era Clara. Se não fosse por essa menina, ele não aguentaria as aulas de Lúcio. Só ela era capaz de perceber o quanto ele se sentia injustiçado pela clara preferência daquele monstro em relação aos outros alunos, exceto ele. Era sempre ele que o acalmava. Era incrível, e muitos, quando ficavam sabendo, não acreditavam, que não aconteceu nenhum tipo de relacionamento além de amizade entre eles.
- Professor, posso ir ao banheiro?
Perguntou Fernando.
- Espera acabar o vídeo.
Respondeu o professor.
- Mas professor, é sério...
Se fosse valer a lógica do que o professor fizera antes, Fernando também ouviria um grito, algum desrespeito do tipo, mas não com o professor Lúcio Pereira.
Para ele valia a lógica da preferência.
- Tá, vai...
Marcelo não aguentaria mais. Se levantou. Sua mente estava em outro lugar. Mas não diria nada. Simplesmente pegou suas coisas e se dirigiu a porta da sala.
- Aonde você vai?
Perguntou o professor.
- Para fora da sala! - respondeu Marcelo, em tom de afronta - não tá vendo?
Clara se levantou.
- Calma, Marcelo! - disse ela, chorosamente - por favor, volta pro seu lugar.
Então a sanidade voltou a Marcelo. O que ele estava fazendo.
Lentamente, se sentindo envergonhado, ele se dirigiu a sua cadeira, esperando continuar a aula normalmente.
- Agora, Marcelo, me acompanha, por favor. - disse o professor - não é você que escolhe se sairá ou não da minha aula.
Sem opção, Marcelo se levantou e foi com o professor até a sala da coordenadora.
Ao serem atendidos, o professor se antecipou a Marcelo em sua fala.
- Sabe, Ana - esse era o nome da coordenadora - o Marcelo tem demonstrado, não é de hoje, um certo problema com as minhas aulas...
- Não é bem isso, professora! O Lúcio sempre me trata diferente dos outros alunos, me humilhando e prejudicando.
Interrompeu Marcelo.
- Por favor, Marcelo - disse a coordenadora - se acalme e me explique o que aconteceu.
Marcelo respirou fundo e disse:
- O professor Lúcio sempre age de forma a me prejudicar, fazendo com que todas as aulas que eu tenho com ele sejam uma constante provação da capacidade dos meus nervos.
- Certo... - disse Ana - E, Lúcio, o que você tem a dizer sobre isso?
- Eu não sei onde ele me viu tratando-o diferente de outros alunos...
- Não viu!? - interrompeu Marcelo, com a voz alterada - Quer que eu te diga. Você me tratou diferente agora, quando fiz menos que os outros alunos e, ainda assim, minha punição foi maior, você me trata diferente quando me ignora e não tira uma dúvida minha, quando você fala em voz alta coisas que deveriam ser ditas entre nós. Você é injusto e cruel, professor.
- Certo, certo - interferiu a coordenadora, preocupada com a situação - Vamos fazer um trabalho para melhorar esse relacionamento de vocês, mas vocês precisam se esforçar... temos um combinado?
Marcelo e Lúcio só balançaram a cabeça, sem dizer uma única palavra.
Mas o combinado nunca foi cumprido. Até que Marcelo terminasse o colégio, ele foi assombrado por Lúcio, e suas constantes provocações e quase-maldades.
Fernando acabou por repitir o segundo ano. Duas vezes. Na segunda, saiu do colégio, e por um tempo Marcelo não ouviu falar mais dele.

domingo, 31 de agosto de 2008

Ainda mórbido, ainda que irônico

Aí jaz, ou melhor, aí está, mais um conto da minha fase mórbida. Não, não estou em depresão, pelo contrário, estou incontrolavelmente feliz.
Esse conto não é uma mensagem de apoio a suicídios, pelo contrário. É apenas uma história como outra qualquer que na minha opinião tem muito mais de cômico do que de trágico.

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O IMAGINÁRIO AUTO-DEPRECIATIVO DE REGINALDO NUNES

Ao chegar ao apartamento depois de uma sessão de autógrafos na menor livraria mais perto de sua casa, o Sr. Reginaldo Nunes teve uma bela surpresa.
Um homem trajando um Black tie estava sentado em sua poltrona, do lado do abajur avermelhado com o Jack Nicholson estampado que ele havia ganhado em um evento especial sobre Stanley Kubrick.
Primeiro Reginaldo se assustou e deu um grito agudo. Depois levou a mão esquerda ao peito e apertou os olhos para entender melhor o que via. Então entendeu que deveria ser mais uma daquelas muitas pessoas que ele andava vendo nos últimos 15 dias e tinha aprendido a ignorar.
Virou-se, trancou a porta e seguiu para a cozinha.
“Você não me viu aqui?” foi o homem sentado na poltrona que perguntou com uma voz perfeitamente normal – nem aguda, nem grave, nem etérea, nem espalhafatosa.
Reginaldo não respondeu e estava obedecendo a ordens médicas quando não o fez.
“Você não me viu aqui?” inquiriu novamente o homem.
Reginaldo seguiu seus atos corriqueiros, pegou uma garrafa de leite e bebeu um gole em um copo de geléia de vidro grosso e tosco.
Passou pela sala indo para o quarto e impressionou-se pelo homem ainda não ter abandonado sua poltrona, e nem sua pose, de pernas cruzadas femininamente.
No caminho para o quarto ouviu um ruído estranho e voltou-se para a imagem sobre a poltrona. Agora ele estava com um cigarro na boca, aceso. A fumaça saia dele, tornando o ar periférico turvo.
Impressionou-se com o quanto o seu novo amigo imaginário era verossímil, quase teve vontade de ir até lá e tocá-lo, mas logo viu que se entregaria a loucura se o fizesse.
Seguiu até o quarto e abriu o armário que ficava embutido na parede, pegando um pijama listrado que estava ali dentro. Como sempre, não tomou banho, apenas despiu-se e vestiu a roupa de dormir. Mas ainda ouvia os sons de tragadas do homem na sala.
“Você pode fazer o favor de vir aqui, Reginaldo, seu imbecil?” berrou o homem ainda sentado.
Reginaldo dessa vez conteve-se para não responder.
“VEM AQUI AGORA, SEU MERDA!”
“EU NÃO SOU UM MERDA!” replicou Reginaldo, mas logo se arrependeu de ter-lo dito.
Respirou fundo e passou a mão na testa, que agora suava um pouco.
Resolveu arrumar sua cama devagar.
O homem finalmente se levantou e veio caminhando a passos largos até o quarto. Parou a porta e apoiou-se com o ombro direito sobre o portal.
“Por que você não tira esse pijama ridículo e vai tomar um banho, seu porco nojento!?”
Reginaldo não respondeu.
“Eu perguntei porque você não tira esse pijama ridículo e vai tomar um banho, seu babaca!”
Reginaldo tentou manter-se impassível.
O homem soltou uma risada sádica de satisfação e voltou para a sala.
Reginaldo sentou-se na cama e ligou a televisão do quarto. Começou a zapear e encontrou um filme antigo que ele não assistia a tempos. Ficou uns 5 minutos observando a tela.
Ouviu novamente os passos se aproximarem e aguardou, nervoso.
O homem parou novamente no mesmo lugar.
“Você não tem nada melhor para fazer do que assistir a essa droga na TV?”. Silêncio. “Inútil. Inútil.”
Nunes desligou a televisão e deitou-se na cama. Apoiando as mãos sobre o travesseiro e a cabeça sobre as mãos. O homem bateu a cinza do cigarro no chão e sentou-se um uma das pontas da cama de casal.
“Olha, Reginaldo, eu não quero te importunar, eu juro.”
Reginaldo vira-se na cama, para evitando a visão do homem .
“Eu só quero que você me ouça uma vez só.”
“Eu não vou ouvir nada!” respondeu, furioso.
“Já está ouvindo.”
Reginaldo sentou-se na cama, furioso.
“Não, eu não estou. Cala a boca!”
“Viu? Você está conversando comigo. Estamos dialogando, isso é bom.”
Uma lágrima escorre de um dos olhos de Reginaldo que volta a deitar-se, com o rosto virado para o lado contrário de onde o homem está.
“Vamos, cara, estamos indo tão bem. Fala comigo”
Reginaldo cobriu a orelha com o travesseiro e o apertou forte contra o rosto.
“Vamos. Vamos. Só quero conversar com você...” Silêncio. “Vamos, Reginaldo.” Mais silêncio. “Fala comigo, porra, eu não estou com paciência para suas gracinhas, cara. ME OUVE! Não me ignora!”
Reginaldo voltou a sentar-se na cama. “EU NÃO VOU OUVIR NADA” perturbado passa as mãos pelo rosto, aflito. “Você não existe, você não existe. Você... não... EXISTE! Sai da minha cabeça” então começou a golpear seu próprio crânio com as mãos, forte.
O homem se manteve em silêncio enquanto ele se batia, frenético. Aguardou paciente que ele parasse. Aprumou-se dentro do terno e então proclamou. “Pronto? Você já acabou com esse showzinho nonsense ou tem mais alguma afetação pelo caminho? Porque se você vai continuar com essa babaquice...” nesse momento Nunes tapou os ouvidos com a palma da sua mão. “Me ouve. Me ouve. Eu to dizendo que...” o escritor continua com as mãos nas orelhas “Reginaldo, eu to falando com você, você pode fazer o favor de me ouvir?” Reginaldo tira a mão das orelhas, finalmente. “Pronto, parece que agora você ouviu a voz da razão, né? Agora você vai me ouvir, não vai?” Silêncio. “Não vai?”, mais silêncio. “Bom, melhor assim”
“Olha só, Reginaldo, o que eu tenho pra lhe dizer é muito simples. Vou começar fazendo algumas perguntas, pra ser mais exato. Me diz. Pra que serve a merda da sua vida?”
Reginaldo se mantém em silêncio.
“Bom, sempre que você se mantiver em silêncio eu vou considerar que você não sabe a resposta.”
“Some daqui. Sai daqui!” Reginaldo disse essas palavras com a expressão impassível.
“Reginaldo, porra, não vamos regredir, né? Eu to só tentando te ajudar a se encontrar nessa vida inútil que você vem levando. Nesse número incrível de mentiras que você tem contado pros seus familiares, pros seus colegas, pros seus amigos, se é que você tem algum, além de mim. E isso tudo só pra... fingir... que você realmente é feliz. Vamos combinar que tá na cara que é mentira. Que tá escrito na sua testa: Eu sou um completo perdedor, me matem antes que eu o faça. E é nesse ponto que eu queria chegar, Reginaldo.”
Reginaldo continua sentado, com os olhos fixos, lacrimejantes, impassível.
“Meu amigo... O que mais você imagina que vai conseguir nessa vida? Todo mundo tá vendo. Você já tá velho. Você já tá tão velho. E não faz idéia das mentiras que escreve nos seus livros. E é POR ISSO que eles não dão certo. POR ISSO que você é um ENORME fracasso. Você não viveu a sua vida enquanto podia. E agora? Agora você não pode mais. E aí o que? Vai ficar prolongando algo que já devia ter terminado? Na verdade, prolongando algo que nunca existiu?”
Reginaldo manteve-se quieto.
“Foi o que eu pensei. Agora vamos, acabe logo com isso.”
O homem se levantou e saiu do quarto. Reginaldo continuou estático por mais alguns segundos.
Depois levantou-se e caminhou fúnebre para o banheiro. Abriu a torneira e deixou a água cair na pia. Observou-se no espelho. Molhou as mãos e limpou as lágrimas já secas por sobre o rosto. Mantinha-se impassível.
Enxugou o rosto e voltou para o quarto, refletindo sobre o que dissera o homem. Depois pegou o frasco cheio de comprimidos e sentou-se na cama. Abriu o frasco e o virou na mão. Pegando apenas uma pílula. Engoliu-a a seco. E repousou o frasco no criado-mudo. Deitou-se na cama e puxou o cobertor por sobre seu corpo.
“Foda-se minha mente” pensou. E depois fechou os olhos, mas só por algumas horas. Não enlouquecera. Ainda.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Me chamem de Mórbido, Funesto Mórbido.

Bem, amigos e amigas, vou postar mais uma vez nesse blog aqui alguns textos que eu escrevi. Mas tem um detalhe. Se a qualidade deles é duvidosa, a morbidez é INQUESTIONÁVEL, ou seja, se não querem ficar tristes vão ler outros textos.
Eu não sou nenhum maníaco suicida, pra quem não me conhece.

Estão aí.
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Moça

Na morgue sombria, aguardava, sombrio
Bernardo e seu traje ensangüentado
Pelo corpo que vinha, sem pulso e frio
Imóvel, de olhos fechados

Chegado o corpo, feminino, esguio
E a alva pele de manchas maculada
Fez Bernardo sentir um cruel calafrio
E no peito uma dolorosa fisgada

Entortou-se para trás, afônico e tonto
E apoiou-se em um móvel qualquer
Plantou em seu rosto uma expressão de espanto
Ao notar que conhecia a mulher

Procurou, ansioso por alguma identificação
Onde estaria marcada?
Não havia seu nome, ou qualquer marcação,
Ela apenas morrera, e mais nada

O cadáver passara por um tratamento anterior
Estando limpo com muito asseio
Tornando visível como um esplendor
Um grande orifício em seu seio

Não teve coragem de começar a examiná-la
Antes de conhecer sua identidade
Abriu com os dedos seus olhos, cor de opala
E viu em seu reflexo a verdade

A princípio, lembrou-se vagamente
Do tempo que ainda estudava
E então, em sua mente e tão de repente
Surgiu a jovem que tanto amava

Os cabelos de cachos caindo
Por sobre os ombros tão finos
A boca rosada sorrindo
Encantando a todos os meninos

Lembrou-se dos dias imundos
Inteiros passados nos cantos
Olhando-a com seus olhos profundos
Agora desfeitos em prantos

Lembrou-se de como chorava
E cantava seu amor postergado
E de como se magoava
Por tão longamente ter-la amado

Arrependeu-se de não ter-la contado
Houvera a oportunidade uma vez
E chorou seu amor, mal amado:
Agora já era morta Inês.


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A velha

Ela girou a chave e entrou na sala de seu apartamento que fedia a naftalina e poeira. Nem acendeu a luz, pôs logo o saco pardo abarrotado de compras sobre a mesa de jantar e abriu as cortinas espessas para deixar a luz do sol invadir, dando vida aquela sala mórbida e senil.Os mais de sessenta e cinco anos pesavam por sobre suas costas, curvando-a. Seus cabelos grisalhos e em ondas prendiam-se em um coque malfeito, impedidos de cair por sobre seu rosto cheio de rugas típicas de velha.Sua velhice a envergonhava. Enraivecia-se por não poder mais cumprir as árduas tarefas domésticas, não poder limpar os cantos imundos e frios de sua casa soturna. Não poder trocar as inúmeras lâmpadas queimadas no seu teto.Envergonhava-se ainda mais de estar ultrapassada. De não conseguir usar o computador velho que apodrecia sobre a mesa do quarto de seu filho, que nunca mais a viera visitar.Sua expressão era de acentuada amargura. Ainda sentia a perda de ter sido abandonada pelo marido. De ter sido entregue às sombras e ao frio, como uma indigente.Colocou o LP do Vinícius que tinha na sua vitrola quase tão velha quanto a própria velha. E ouviu “Samba em prelúdio” uma, duas, cinco, oito, dez, doze vezes. Andou até seu quarto e viu o porta-retratos que trazia uma foto de três pessoas felizes. Era uma família. A mãe. O pai. O filho pequeno. Não era a velha. Não era seu marido. Ou seu filho. Poderia ter sido.Em muitos outros porta-retratos, pessoas diferentes sorriam para a velha, sempre em trios. Sempre os pais e o filho.A velha lembrou-se de uma vida que nunca teve e lamentou-se por não poder voltar àqueles tempos que nunca existiram.Mesmo muito emocionada, não derramou uma lágrima.Voltou à sala onde Vinícius agora cantava “Onde anda você” em outro disco. Pegou o saco pardo que arrebentou largando laranjas e tomates no chão imundo. A velha os observou e pulou-os, ignorando-os. Jogou os restos do saco pardo no lixo.Trocou o LP do Vinícius por um do Chico Buarque. Pegou o telefone e tentou o número da casa do filho insistentemente.Ninguém atendeu.As lágrimas começaram a cair de seus olhos, frenéticas. Quase jorrando. A velha não podia mais agüentar segura-las. Estavam fora de controle.Abriu a porta e ainda se ouvia Chico Buarque lá dentro. Andou até a escada enquanto ele estava no meio de “Pedaço de Mim”Ela não teve medo de sua decisão, pensara naquilo durante anos. O vão entre a escada que formava uma espiral de lá, do 10º até o saguão. Ela debruçou-se sobre o muro que protegia a queda, e tropeçou em sua própria mente. E flutuou no ar por alguns instantes, até se acabar no chão em tempo de terminar a música do Chico: “Leva os olhos meus, que a saudade é o pior castigo e eu não quero levar comigo a mortalha do amor, Adeus.”

Estão aí os textos. Façam o favor de comentar.

sábado, 23 de agosto de 2008

Eu tô é Fu.Ido

Oi pessoal...
Bom:
Ontem fui parar no hospital. Faltei nesses dias porque tive uma crise de bronquite (não tinha há anos) muito forte e muito incomum (nunca tive uma igual) que surgiu do nada. Geralmente a bronquite envolve tosse, muita tosse, e muita secreção (catarro). Mas dessa vez o que me assustou foi o fato de não haver nem tosse nem catarro. Meu pulmão estava limpo e eu não tinha força para respirar. Eu não conseguia ficar em pé, e eu quase desmaiei umas quatro vezes. Tive que sair da escola na quarta-feira, correndo, pois essa falta de ar havia surgido do nada. E o remédio que eu carregava para qualquer emergência (uma bombinha) estava fora da validade. Não havia gerado efeito nenhum.
Chegando em casa, fui fazer nebulização, eu não tinha adiantado de nada. Acabei tendo fraqueza e taquicardia por causa dos remédios e dormi.
No dia seguinte, fui em uma pneumologista e ela me receitou 6 remédios. Mas os efeitos demoram para serem realizados... São aqueles progressivos, sabe... Patológicos. Eu acho que é esse o nome.
E eu lembro de ela ter me falado para ir ao pronto socorro se sentisse muita falta de ar, pois os remédios não iriam ajudar com intensidade em uma emergência.
Bom. Aí eu voltei pra casa, andando que nem um velho corcunda (ainda tomei um cafézinho com waffle) e respirando que nem um rato asmático.
Eu não sei como é um rato asmático, Mas ele não deve respirar direito.

Depois de tomar todos os remédios, fazer todas as nebulizações e dormir mal pra cacete, descobri que emagreci bastante e que minhas olheiras aumentaram, me deixando que nem um zumbi. Já era sexta-feira, e eu estava bem ferrado.
Sem ter nenhuma melhora, minha mãe e eu achamos melhor irmos logo para o hospital. Eu estava muito... mal.
Chegando lá, no pronto socorro do barra dor, vi outros pacientes com doenças mirabolantes e vi aqueles médicos andando para lá e para cá. Graças a deus que eles existem mas... Puta que pariu, vão ser sádicos para escolher essa profissão lá na casa do caralho!
Fui atendido por uma clínica geral e ela me encaminhou para o setor da nebulização (para variar) e em seguida para o "corticóide venoso" e para a coleta de sangue. Primeiro, eu fui fazer a coleta de sangue. E não é a toa que eu não gosto de enfermeira gorda. Todas elas são brutas. Você verá a seguir o que ela fez.
Colhi o sangue (doeu e ficou latejando, mas geralmente é assim né) e fui para o corticóide venoso. O enfermeiro queria injetar na minha mão, mas na mão dói pra cacete; Eu pedi que botasse no braço, no mesmo da coleta de sangue. Meu braço direito. Em seguida, ao preparar a medicação entrou na cabine e disse que ia dar uma "espetadinha" (todos dizem isso)
Ok. Espetadinha;. Eu não gosto de olhar, mas eu sempre olho. Ele injetou a agulha em meu braço, e disse:
- Sua veia está profunda...
Eu perguntei:
- Isso é bom ou ruim?
Aí ele ficou em silêncio. Em seguida:
- Ah, nenhum dos dois.
Tá né.
Aí ele enfiou a agulha, e não achava a veia. Encontrou. Dessa vez doeu pra caralho. Ele começou a injetar a cortizona e perguntou:
-Tá doendo?
-Tá - Repondi.
-Muito?
-Pra cacete.
-Pois é. vou ter que parar. Sua veia está estourada.
-Como? Isso foi de agora ou foi de antes?
- Foi de antes.
Ah.... Só podia ser. AQUELA VACA DA COLETA DE SANGUE ESTOUROU A PORRA DA VEIA DO MEU BRAÇO. E agora, além de eu mal conseguir respirar, eu mal mexia o braço. E não parava de sair sangue. E deu muito nervoso.
Fiquei nesse estado uns 15 minutos... Aí ele voltou. E ia injetar no meu braço, fazer um terceiro furo. Mas aí eu falei que não, para que bostasse no meu outro braço.
Aí ele injetou a cortizona, e eu fiquei bem mole, e alto.
A cortizona é uma substância muito forte utilizada para as pessoas que tem problemas com asma. Ela salva as pessoas no momento da crise. Porém, se usada em excesso, traz problemas como cegueira, diabetes, problemas circulatórios e tal. Minha avó tinha asma. Ela usou cortizona por 18 anos. Ela começou a ficar com a vista muito embaçada. Ela suspendeu. Ela morreu. Em 1993.
E eu estava injetando uma dose cavalar de cortizona (uns 150 ml).
Em seguida, fiz a nebulização, e fiquei de molho. O resto do dia. Sob observação, e tal. ainda não sabiam o que eu tinha, mas sabiam que era do fundo alérgico da bronquite.
Fiquei lá, olhando o nada, e pensando na vida.
Ponto.
Mais tarde, fui para a radiografia. E descobri que não tenho NADA nos pulmões. Nenhuma secreção. Tudo limpo. E que meus batimentos cardíacos estavam normais e a taxa de O2 no sangue estava normal. Eu não estava respirando direito por causa da alergia que eu tenho e do tratamento que eu havia suspendido há meses. O remédio tava me dando taquicardia, mas eu não devia ter parado. Eu tinha que ter me conformado com a aceleração do coração. Eu descobri que tenho de fazer um esporte para fortalecer os pulmões (natação). E eu odeio esportes. Eu nunca fiz porra nenhuma. Eu cheguei a fazer muay-thai, e gostava, mas eu fiquei doente aí perdi a força de vontade. Agora eu tneho de fazer natação, para fortalecer os pulmões e para não precisar ir para o hospital com 17 anos.
Descobri que eu serei o próximo Michael Phelps.
Não. Tá na cara que foi uma piada. E sem graça.
Mas eu também não vou ser um rato asmático.
Pelo menos uma barata descascada que pratica esportes e tem uma vida saudável.
Desculpe o mau humor.
Ah, e a cortizona me curou. Agora estou respirando bem melhor. Mas eu tenho que tomar 9 remédios para manter a crise enfraquecida. Aliás. Tenho que tomar 3 agora. Me atrasei, escrevendo essa porra.
Esse drama do caralho.
Tchau.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Aquele que não é Importante.

É uma poesia sobre alguém que ninguém se importa, e que geralmente tem nojo.


O Mendigo


Ninguém nunca fala sobre ele
Ningúem nunca escreve sobre ele.
Ele não é nada para ningúem
Ele não é um ser vivo, ele não tem sentimentos.

Vamos lá,
Deixe-o de lado.
Queime-o
A cidade será "desinfetada".
Quem é ele?
Quem seria?

Nós não queremos saber daquele que cata as latas
(Do que a gente bebe)
Para sobreviver,
Não queremos saber,
Daquele,
Que não tem um casaco para se proteger.
E nenhum grito de socorro será atendido.
Nunca.
Porque ele não existe...Ningúem o vê.

E o Louco trará o troco.
Fará você pagar por aquilo que (você) roubou.
As queimaduras serão Apagadas.
E VOCÊ Será queimado.
Você é a verdadeira sujeira,
Que ainda virá a sumir,
E "desinfetará" a cidade.

sábado, 9 de agosto de 2008

A perda!

Hoje faz uma semana e dois dias que meu sogro morreu. Minha esposa está muito triste (claro) e eu angustiado! Por mais que esperássemos por esse momento (ele vinha em uma situação delicada e piorando! Cuidado com o diabetes. Ou será a diabetes?!) nunca achamos que ele realmente chegará para nós.
Eu perdi uma das minhas melhores amigas em 2002. Um golpe doloroso do destino. E desde então achei que estivesse preparado para outro momento destes, mas percebi meu engano. Ao ver a dor da minha esposa coloquei-me em seu lugar e a sensação foi horrível, inconsolável. Provei que estava enganado e que a perda é um dos piores sentimentos que se pode ter. A dor passa, o pior é a falta que a pessoa faz. O que a língua portuguesa lindamente chama de saudade.
Jamais estaremos prontos para a saudade. E se o tempo cura tudo, a saudade não tem cura. Pois quanto mais se passa o tempo mais a saudade aumenta e dói, pois nesse caso não há expectativa de reencontro.
Por isso acabei escrevendo agora mesmo uma poema sobre a perda. Não achei dos meus melhores, mas foi o que o coração mandou a mão escrever (quem escreve poema é o coração, e não a cabeça) nesse momentos. E achei outro que escrevi sobre o sentido da vida (é impossível falar sobre morte e não pensar nisso) e vou colocá-los logo abaixo.

A Perda
Imaginei-me pronto desta vez
Preparava-me desde a primeira
Quando a dor superou a esperança
E a angústia sufocou a alma
Encarando-a novamente
Provei-me enganado
O punhal perfurou a carne
E feriu fundo no peito
Desta feita indireta
Sofro pela amada
Sua parte que se vai
Seu pedaço que aqui fica
Quando o alvo for em cheio
Desejo pronto a esperar
Mas nunca curarei
A dor da perda
__________________________________________________
O sentido da vida
Viver, sem medo do amanhã
Viver, sem remorso do passado
Viver, com esperanças a cada manhã
Viver, apesar do luto agoniado
Oferecer, sem esperar recompensa
Oferecer, sempre que lhe couber
Oferecer, apesar de toda descrença
Oferecer, mesmo após esmorecer
Sorrir, diante da maior dificuldade
Sorrir, enquanto espera a grande chance
Sorrir, repleto de suavidade
Sorri, mesmo que seja de relance
Agradecer, por tudo que conquistar
Agradecer, por tudo que perder
Agradecer, por ter a quem amar
Agradecer, por cada alvorecer

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Ainda amizade, mas em outra situação

Pouco depois de escrever sobre amizade, eu recebi um certo depoimento no orkut. Esse depoimento me fez fazer com que as pessoas que deveriam ler o texto AMIZADE realmente o fizessem. E assim foi. Elas leram.
Agora, depois escrevo mais um detalhe sobre amizade:

A real amizade, como eu fingia que tinha esquecido, não morre, nem dorme. Ela espera. Acordada, alerta, ela espera que a situação chegue em seu limite para assim mostrar sua verdadeira força.
A amizade verdadeira não se baseia no fato de ter algo em comum ou não, mas em gostar.
Se uns falam de amor a primeira vista, porque não amizade a primeira vista?
Sim, isso acontece, e faz parte dos mistérios do ser humano, saber que aquela pessoa é seu amigo ou não somente a olhando.
Obrigado a pessoa que me fez perceber novamente isso, escrevendo o tal depoimento mencionado, e me sentir mais feliz do que em muito tempo.
Obrigado, J.
GuTo

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Os limites de uma mentira.

Dessa vez, um pequeno texto permeado por análises de uma situação cotidiana: Duas pessoas conversando. Quantas vezes você não viu isso...

A primeira pessoa chega perto da segunda e diz:
- Oi. Tudo bem?
A outra responde:
-Tudo bem.

Pronto. Primeira situação em que pode haver uma mentira. Nem sempre tá tudo bem, mas raros são os exemplos de pessoas que viram e respondem um sonoro ''NÃO''. Falta o que, coragem? Se é, que palhaçada! A experiência deixa claro que a melhor forma de realmente entender ou aceitar seus problemas é desabafando.
Continuemos com o diálogo...

Aquela primeira pessoa chega mais perto da outra, e pergunta:
- Onde você comprou esse tênis?
- Não sei, eu ganhei.

Outra situação em que algumas pessoas, para não ostentar pseudo-riqueza, mentem. Eu ganhei, se não for verdade, é uma belíssima maneira de dizer que você não tem dinheiro para isso mas outro tem, ou seja, existe alguém mais rico que você (o que, exceto para o senhor Bill Gates, é certo) e que você não ostenta seus ganhos. Por que não? Se você tem, mostre! Não peço que seja esnobe ou despreze e humilhe os que não tem, mas não negue que tem só para se ''adequar'' ao nível dos outros.
Volto a conversa entre os dois ''amigos'' (leia o texto logo abaixo deste)

Agora a segunda pessoa se afasta e diz:
- Acho que eu vou pra casa, tenho que fazer (adicione qualquer ponto qualquer atividade fútil ou não)
- Tá bem.

Não, não tá bem. Normalmente quando uma pessoa chega perto da outra, esta se afasta e vai embora, fica até explícito que esta pessoa não gosta de você. Isso faz sentir mal, não faz?
Talvez ela não esteja mentindo, mas...

Na verdade, o ponto que eu quero chegar é que em qualquer situação pode surgir uma mentira. A pergunta é, até que ponto uma mentira é (des)necessária?

Uma mentira contada muitas vezes termina por se tornar uma verdade.
Discordo. Uma mentira contada muitas vezes se torna uma grande mentira, depois é descoberta e dá uma merda enorme.
Será que mentir para ajudar alguém, ou para não machucar alguém é válido?
Não sei!
O problema é que na sociedade de hoje em dia, a mentira se tornou compulsória.
- Eu já fui em (inclua aqui qualquer lugar)
- Eu também (quase que automática essa resposta...)

Afinal, um modo mais direto de entender a mentira é vê-la como uma forma de negar o direito de saber a verdade.
O melhor a se fazer antes de mentir é pensar. Pensar bem!
Pois se a mentira for válida, até quando será válida? Se não for, será que um dia será?
E se nunca foi, nunca será, porque contá-la?
Compulsão.
Vivemos na sociedade das aparências, e nada mais natural que mentirmos para esconder quem realmente somos, para preenchermos os padrões de uma sociedade cada dia mais individualista e mentirosa. Mas existe esperança para o mundo. Sim, olhe para os lados, para cima e para baixo, e finalmente, para suas mão. Vê ali a chance de acabar com isso?
Está nas suas mãos, assim como nas minhas e nas de qualquer um, a chance de acabar com esse modo falso de vida, assim como está a sujeira por ser um sujeito que alimenta ou já alimentou esse sistema falho e vazio como o vácuo.
Boa sorte!


GuTo!--------------------------

Amizade


Hoje me dei conta de uma extremamente triste realidade: Estou me afastando dos meus velhos amigos.

E isso me fez pensar no valor que eu dou para os meus amigos.

Afina, o que é um amigo?


Wikipedia: É um relacionamento humano que envolve o conhecimento mútuo e a afeição, além de lealdade ao ponto do altruísmo.


Cara, essa definição só me deixou pior. Conhecimento Mútuo acabou. Meus velhos amigos não tem a mínima idéia do que eu gosto ou deixo de gostar...

Afeição? Isso acabou há muito tempo, um só fala com o outro quando é extremamente necessário.

Lealdade... Talvez ainda exista alguma, lá no fundo, onde a semente foi plantada.

...ao ponto do altruísmo. Sei lá, nunca tive a chance de ser altruísta com estes amigos...


Amizade é realmente um conceito interessante. Até que ponto vai a lealdade de uma pessoa com um amigo, até nde chega a compreensão, até onde pode ir afeição?
O Amigo não tem laços sanguíneos com você, você não deve nada a ele, mas ainda assim você ama aquela pessoa como um irmào!
É maravilhosa a sensação da amizade, mesmo sem ninguém entendê-la completamente. Você sabe que é amigo e pronto!
Hoje em dia as pessoas usam a palavra amigo de forma muito vulgar...
Qualquer um é ''amigo''. Eu também faço isso, não sou melhor do que ninguém. Afinal, ninguém sente a mesma afeição pelo Garçom que chama de amigo que pela pessoa que divide o mesmo ambiente com você todos os dias (a não ser, claro, que você trabalhe num restaurante).
Muitos não tem noção de como uma amizade de verdade tem força. Você nunca se sentiu mal pelo simples motivo de o seu amigo estar mal?, nunca chorou porque um amigo chorava, demonstrando seu afeto por ele?
Amizade é mais que uma palavra, mais que um sentimento, mais do que qualquer coisa. Amizade é ser amigo, e nessa maravilhosa redundância encontramos o que é realmente divino.
Aos meus amigos,
GuTo!


quarta-feira, 16 de julho de 2008

Não entendo..

Essa postagem, para começo de conversa, não é uma poesia, nem um conto, nem uma série de pensamentos. É um manifesto.
E tem que ser justificado.

Aconteceu que, ontem à noite eu estava no prédio de um amigo jogando futebol. Enquanto esperava minha vez de jogar, conversava com esse amigo.
Eu disse:
- Amanhã vou comprar o ingresso. (meu amigo já sabia que o ingresso seria para a estréia de ''Batman: O Cavaleiro das Trevas'')
Então uma menina aparentando uns 10 anos, que eu nunca tinha visto, me olha e pergunta:
- Estréia de que?
Eu, então, respondi:
- De ''Batman''.
Então, começando a parte que originou este manifesto, aquele chuchu de menina me olha e diz:
- Batman é coisa de mongolóide.
É, pensei, é a opinião dela. Até porque muito do que eu faço é coisa de mongolóide (apesar de não apoiar este termo pejorativo sobre os que possuem retardamente mental), por exemplo: eu faço cosplay de Harry Potter. A maioria das pessoas que se consideram normais acreditam que cosplay é coisa de mongolóide. EU NÃO!
Mas, continuando, cheguei perto da menina e perguntei:
-Você tem quantos anos?
E eis que vem a resposta:
- Doze.
Eu pergunto a razão de ela não gostar do Batman. Ela me diz assim:
- É um homem que bota uma capa ridícula e se finge de morcego.
Engaçado, o Batman não se finge de morcego. Ele usa o tema morcegos para amedrontar os inimigos.
Quanto a capa ridícula, bem, gosto não se discute.
Então perguntei a menina:
- Você já viu algum Batman para dizer isso?
- Não, nem tenho vontade de ver.
(com o perdão do palavrão)PUTA QUE PARIU! A desgraçada da menina me chama de mongolóide (se você gosta de coisa de mongolóide, é um mongolóide, certo?), usa de uma afirmação falsa e ainda me fala que nunca procurou buscar argumentos para basear suas preconceituosas afirmações?!
E é em cima desse modo de pensar que eu venho fazer meu manifesto. Muitas vezes vivi a situação de ser chamado de mongolóide, entre outros, por causa de uma coisa que eu gosto. Seja ler (pois muitos da juventude de hoje, da qual eu infelizmente sou parte, tem preconceito com leitores) gostar de Harry Potter ou O Senhor dos Anéis.
Engraçado, não? Uma coisa que até pouco tempo atrás quem NÃO gostasse era o mongolóide inverteu seu papel na sociedade. Falo, claro, dos Super-Heróis.
Quem nunca ouviu ''Os X-Men são idiotas'' ou ''O Superman é idiota'' ou a mesma frase com Batman, Capitão América ou Homem-Aranha (sendo o Homem-Aranha o que sofre menos preconceito, por ser ''cool'')
E eu penso: Por que bendito motivo o Homem-de-Ferro ou o Quarteto Fantástico sofrem menos preconteico? E respondo. Porque eles não tem outras preocupações além de se dar bem e, vez ou outra, combater os vilões. Novamente o Quarteto do senhor Fantástico nem tanto, pois o próprio Richard Reeds ainda tem um vínculo com ''desenvolver'' a ciência.
O Homem de Ferro, por mais legal que seja, não é ligado com grandes dilemas.
Já o Batman, coitado, vive em Gotham, que é um inferno e convive diariamente com problemas de caráter interior, como sua ética e justiça, o medo de falhar e a amargura de não ter impedido o assassinato de seus pais.
O Superman tem que lidar com o fato de ser o único sobrevivente de sua raça, com a Lois Lane e com ser bondoso e politicamente correto (O que o torna idiota).
O capitão América também é politicamente correto ( e eu não sei muito sobre ele).
O Homem-Aranha, apesar de ser ''cool'' lida com a sua tia May, com seus amigos e seus próprios dilemas.
Os X-Men com o preconceito, e por aí vai...
Mas, enfim: Porque o preconceito com Super-Heróis? Porque são ''viagem'' demais? Viajar é bom de vez em quando. Ou porque alguns fazem pensar um pouco? Pense, oras!
Espero que qualquer um que venha a ler isso perca o preconceito que possa ter com os Heróis. Pois ''viajar'' para o mundo deles é um dos melhores meios de refletir sobre o nosso.