domingo, 30 de novembro de 2008

Inveja

Bom, eu sei que esse sentimento se nega a oportunidade de ser nobre. Cega nosso julgamento e murcha nosso respeito, mas... Fiquei com inveja do surto criativo de meus caros colegas e resolvi escrever, como sempre, na madrugada, esta Ode a ela: a noite.
Confesso que não me preparei, mas nem gosto de fazer isso. Penso que poesia, como já disse aqui anteriormente, é a fala do coração e, como tal, não é passível de retoques. Deve, por esse princípio, ser espontânea. E na minha espontaneidade às 2:25 da madruga nasceu este texto:

Ode à noite

Ó noite
Tão dicotômica é tua beleza
Na escuridão do teu olhar
Esconde-se a luz do amor
Na quietude de tua lua
Repousa o anseio pelo amanhã
No deserto de tuas ruas
Multidões procuram sentido
Na solidão do tempo implacável
Habita o desejo de tê-la imortal

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Sem titulo

Acho que este é, sem dúvida, o melhor texto que eu já escrevi.
Certo que já faz um tempo, mais este é o mais 'bonitinho' em muito tempo, só para constar.

Carcaça

Diante da solidão em que me encontro
Acho vivos resquícios de memórias em mim.
As marcas de teus suaves toques
Deixavam rubras minhas feições.
O vislumbrar de tua silhueta,
Revive tão distantes palpitações.
As marcas tuas deixadas para trás
Deixaram resquícios esquecidos em meu corpo
Tão marcado por sua constante presença.
Tua partida levou consigo parte de meu viver
Sem tua presença;
Sem teu cheiro;
Sem teu belo sorriso;
Angustiada é parte de meu coração.
Parte que ainda reside nesta carcaça, que perambula pelos dias a procura de memórias que tragam estas marcas a tona e tornem rubras as feições e revivam as palpitações.
As marcas de um tempo vivido,
De um amor esquecido,
Jamais desaparecem de um corpo que mesmo vivo decidiu morrer.

Descoberta

quero q me ajudem a dar um nome pra esse poema.
acabei de escreve-lo e nao consegui um nome...
(Sra. Arya, quero falar com você sobre isso)

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Graciosa e suave, vieste
Irrompeste das trevas,
Entraste com uma leveza celeste
Por minhas entranhas
Passaste o contrário do tempo que tinhas
E ficaste ao contrário da minha vontade
Trouxeste o olor de castanhas
Silvestres,
Com menos que um silvo vieste,
Discreta, selvagem e tola,
E feriste como a peste
Molestou grandes cidades
Coubeste com o encaixe perfeito,
No espaço por entre meus braços,
Provaste nenhum proveito,
Mas tocaste-me e me arrepiaste
Beijaste-me um beijo de santa
Tiraste-me as verdades pagãs
Trouxeste meus olhos pra ti
Metal atraindo imãs
Me traíste sem nunca amar-me
Me tiveste sem nunca querer-me
Sorriste na hora errada,
Passaste o contrário do tempo que tinhas
Olhaste na hora marcada
E ficaste ao contrário da minha vontade,
Falaste palavras sagradas
No espaço por entre meus braços
Respiraste ares amargos
Mas tocaste-me e me arrepiaste
E todos os meus caminhos me levam pra perto de ti
A graça veio suave
Entrou leve no meu céu,
O tempo que tinhas passou ao contrário
E minha vontade inverteu-te.
Te quero sem nunca te ter
Te amo sem nunca te trair
Estiveste na hora errada, falaste palavras erradas
Olhaste nas horas erradas,
Partirás também a mesma hora.
E na mesma hora deixarás de olhar.
E na mesma hora emudecerás.
Tal como vieste vás.
Vieste na hora errada.
Na hora errada também partirás.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Voltando

Lembrei meu login.
Enfim, eu definitivamente não consigo escrever mais nada 'bonitinho'. Não me perguntem porque. Não faço a menor idéia.
Acho que ando vendo, e lendo muitas coisas sobre guerras ou sei lá. Este texto não me agradou, mais vou postá-lo porque eu já não posto a muito tempo.

Mentes Fracas

Onde a terra é negra
Os homens padecem diante de irrevogáveis destinos


A batalha sangrenta matara dos dois lados
Um deles proclama-se vencedor
E nenhum escapa da culpa

O sangue que banha o chão
Das vidas vai se esvaindo
E é a morte que mais uma vez ganha
Sobre as mentes confusas e imaturas dos homens

Mais uma Guerra sem sentido
Mais corpos dilacerados;
E aos que sobrevivem, as marcas
Para lembrar-lhes por toda a eternidade
De um dia sem glória, sem boas lembranças, sem final feliz.

De mais um dia sem sentido.

João, comentei no seu soneto.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Passa o mundo

Sobre o tempo e a indecisão... talvez seja muito subjetiva...



Passa o mundo

Passa o mundo, passa
O tempo passa
E a vida passa.
O tempo para.

Para o tempo que passou
E posso ver tudo de frente
Em momentos que passaram
Passam param de repente
E destinos cruzados, seguidos
Meras tangentes
Tangem círculos e destinos cruzados

E eu de ser me desfaço
Para simples vivo homem
Em leito de morte, ou em conversa derradeira,
Para mero poeta sem mãos,
Sem beira e sem eira

Passa o mundo, passa
E o tempo para
Para toda a vida, inteira!
Para para ver seus lábios e seu sorriso
E para ouvir mais uma vez a sua voz
O tempo passa
E a vida passa
O tempo para

Para para a outra
Outra que eu sei que te insulta,
Só em presença.
Outra que insistes em chamar de outra

Passa, o mundo passa!
O tempo passa e passa a vida
O tempo passa, tudo fica.
Fica a vontade. E o desejo.
O arrependimento fica.
Passa, mundo, não passa!
Não sei se vou, mundo, ou fico.
Não sei se espero, mundo, ou faço.
Não sei se estaco, mundo, ou passo.
Fico em sinuca de bico.

domingo, 9 de novembro de 2008

Homem morto

esse... sei lá o que... texto... saiu do nada
acho q é um pouco de revolta com um mundo hipócrita de burros, ou um mundo burro de hipócritas... seja lá qual dos dois for o que nós vivemos...
enfim...

Homem morto
O homem fitava os outros homens com nojo estampado em cada linha do seu rosto
A cerveja manchava as linhas da blusa estampada do homem
Enquanto ria dos homens que forjavam nojentas e imorais piadas
De sexo e briga, e loiras e homens que riam do homem

O homem enturvava o ar, manchava a sala
O ar manchava o homem, sujava seus dedos
Seus dedos soltavam fumaça, e seu cigarro soltava seus dedos
A cinza caía por sobre os sapatos que caíam por sobre seus pés
Os pés pesavam ao homem, e os homens fitavam seus pés com nojo

Mas o homem fitava os outros homens com nojo dobrado estampado em cada linha do seu rosto
E os homens continuavam a dobrar a noite em piadas nojentas sobre o homem
E o homem continuava a rir dos homens.

Os homens não tinham compaixão do homem
O homem não tinha compaixão dos homens
Os homens torturavam o homem
O homem apenas ria
Os homens esfaqueavam o homem
O homem apenas ria
Os homens esmagavam o homem
O homem os fitava com nojo estampado em cada linha do seu rosto
Os homens estrangulavam o homem
O homem vomitava nos homens
Os homens matavam o homem
Mas não faziam nada
O homem já se matara

O homem já não mais existia
Existia seu corpo
E sua imagem
Existia seu peito
E sua dor
Existia seu coração, existiam seus olhos
Não existia seu nome, sua mente, sua alma
Não existiam suas frases, seus ecos, suas palavras

O homem não mais existia

E os homens faziam piadas sobre o homem que não mais existia
Enquanto o homem os fitava com nojo estampado em cada linha do seu rosto
E enturvava o ar
E manchava a sala
E manchava seu nome
E enturvava sua palavra
Que não mais existiam

O homem já não era o homem.
O homem já não era homem
O homem já era um dos homens.
O homem não sofria mais.
Ao homem não doía mais.
No homem não cortava mais.
O homem padecera.

E nem todo dinheiro no mundo poderia ressuscitar o homem.
Pois não era dinheiro
E nem todas as mulheres do mundo poderiam ressuscitar o homem.
Pois não eram mulheres
E nem todos os amigos do mundo poderiam ressuscitar o homem.
Pois não eram amigos.

O homem precisava de algo que o diferenciasse dos outros homens
O homem precisava de algo que tirasse a mancha de cerveja de sua blusa
Que tirasse o cigarro de seus dedos
Que tirasse a fumaça de seu corpo
Que tirasse o estupro do seu corpo
Que tirasse a morte de sua vida.


O homem precisava de um novo cérebro.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Soneto de dedicação

DEDICAÇÃO
Roube-me enquanto o silêncio me entorpecer a alma
E quando a eminência do choro me levar ao riso
E enquanto dos meus lábios brotarem dúvidas
E quando dos meus olhos brotarem anseios

Quando do meu peito soar o som célere
Do meu coração já grudado em teus seios
Do frenesi claudicante, harmônico e grave
Do meu corpo unido ao seu

Que nossas frases se tornem ecos
E nossas mentes se tornem escravas
Que nossas mãos se tornem adictas

Mas que nosso sangue se torne livre
E nossos olhos se tornem filhos
Enquanto o corpo ainda vive