terça-feira, 30 de setembro de 2008

Outro dia recebi um e-mail do meu tio, sobre um policial do Arizona. Vocês podem ler o texto abaixo.
E dizem que prisão é caro... como dizia o título do e-mail: ESSE É O CARA



Joe Arpaio é o xerife do Condado de Maricopa no Arizona já há bastante tempo e continua sendo re-eleito a cada nova eleição.
Ele criou a 'cadeia-acampamento', que são várias tendas de lona, cercadas por arame farpado e vigiado por guardas como numa prisão normal.
Baixou os custos da refeição para 40 centavos de dólar que os detentos, inclusive, têm de pagar.Proibiu fumar, não permite a circulação de revistas pornográficas dentro da prisão e nem permite que os detentos pratiquem halterofilismo.
Começou a montar equipes de detentos que, acorrentados uns aos outros, (chain gangs), são levados à cidade para prestarem serviços para a comunidade e trabalhar nos projetos do condado.Para não ser processado por discriminação racial, começou a montar equipes de detentas também, nos mesmos moldes das equipes de detentos.
Cortou a TV a cabo dos detentos, mas quando soube que TV a cabo nas prisões era uma determinação judicial, religou, mas só entra o canal do Tempo e da Disney.Quando perguntado por que o canal do tempo, respondeu que era para os detentos saberem que temperatura vão enfrentar durante o dia quando estiverem prestando serviço na comunidade, trabalhando nas estradas, construções, etc.
Em 1994, cortou o café, alegando que além do baixo valor nutritivo, estava protegendo os próprios detentos e os guardas que já haviam sido atacados com café quente por outros detentos, sem falar na economia aos cofres públicos de quase US$ 100,000.00/ano.
Quando os detentos reclamaram, ele respondeu:
- Isto aqui não é hotel 5 estrelas e se vocês não gostam, comportem-se como homens e não voltem mais.
Distribuiu uma série de vídeos religiosos aos prisioneiros e não permite quaisquer outros tipos de vídeo na prisão.Perguntado se não teria alguns vídeos com o programa do partido democrata para distribuir aos detentos, respondeu que nem se tivesse, pois provavelmente essa era a causa da maioria dos presos ali estarem.
Com a temperatura batendo recordes a cada semana, uma agência de notícias publicou: "Com a temperatura atingindo 116º F (47º C), em Phoenix no Arizona, mais de 2000 detentos na prisão acampamento de Maricopa tiveram permissão de tirar o uniforme da prisão e ficar só de shorts, (cor-de-rosa), que os detentos recebem do governo.Na última quarta feira, centenas de detentos estavam recolhidos às barracas, aonde a temperatura chegou a atingir a marca de 138º F (60º C). Muitos com toalhas cor de rosa enroladas no pescoço estavam completamente encharcados de suor. Parece que a gente está dentro de um forno, disse James Zanzot que cumpriu pena nessas tendas por um ano.Joe Arpaio, o xerife durão que inventou a prisão-acampamento, faz com que os detentos usem uniformes cor-de-rosa e não faz questão alguma de parecer simpático.Diz ele aos detentos:
- Nossos soldados estão no Iraque onde a temperatura atinge 120° F (50° C), vivem em tendas iguais a vocês, e ainda tem de usar fardamento, botinas, carregar todo o equipamento de soldado e, além de tudo, não cometeram crime algum como vocês, portanto calem a boca e parem de reclamar.Se houvessem mais prisões como essa, talvez o número de criminosos e reincidentes diminuísse consideravelmente.Criminosos têm de ser punidos pelos crimes que cometeram e não serem tratados a pão-de-ló, tendo do bom e melhor, até serem soltos pra voltar a cometer os mesmos crimes e voltar para a vida na prisão, cheia de regalias e reivindicações.Muitos cidadãos honestos, cumpridores da lei, e pagadores de impostos não tem, por vezes, as mesmas regalias que esses bandidos têm na prisão."

(*) Artigo extraído e traduzido de um documentário da televisão Americana...Os fatos acima são verídicos e a prisão-acampamento está em Maricopa - Arizona.Ajude a divulgar se achar que a idéia é boa!!!

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Não mais mórbido, nostálgico.

Nem sei que nostalgia é essa de lembrar de um tempo que eu nem vivi (talvez a palavra certa nem fosse lembrar, mas...) mas como estou desenvolvendo uma série de trabalhos sobre a grande Ditadura, não custa postar uma poesia que acabei de escrever sobre o tema. 

           60

 Quando controlaram o que podíamos ouvir

Deixamo-nos escutar apenas o que queriam

Quando proibiram o que podíamos ver

Assistimos somente o que nos permitiam

Quando censuraram o que podíamos fazer

Fizemos apenas o que eles mandavam

Quando repreenderam do que podíamos rir

Rimos apenas das suas piadas

Quando condenaram o que podíamos sentir

Sentimos apenas o que nos cabia

Agora querem criticar o que podemos falar

E impedir o que podemos pensar

E isso já é direito demais aos tiranos

Revoluções liberais ocorreram há séculos

E mesmo assim continuamos a mercê de déspotas controladores

Em plenos anos

60

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Vocês pegaram tanto no meu pé que eu resolvi vir aqui e postar. Este é dificilmente um dos meus melhores textos; Porém, ele deixa claro o quanto esta sociedade em que vivemos é um lixo. Generalizando, é claro.

Brilho

Mais porque preocupar-se com tal sociedade?

Esta que carrega olhos austeros de um perigoMortal; Porém, sigiloso
Esta que vê o mundo com olhos brilhantes de cobiça

Agarrando tudo que lhe é de direito, e tudo que não é.

Mesmo que a vista que brilha de paixão Diga-lhe que o direito é de outro

E não seu.

Porque preocupar-se?
Mas estes olhos são cegos por cobiça.

Cegos, sedentos.

O brilho ofuscante acaba por cegá-lo

Não olhe, cegará você também.
Olhos que atravessam sua alma

Corroem-na até que o espelho reflita em seus olhos a cobiça.

E o brilho passe a vir de você.

Não, a culpa nunca é sua.

Mais você está cego e não surdo.

Mudo?Você foi avisado.Não olhe.

Neuroses

É absurdo o fato de você às vezes ser enganado por aquele que você tenta ajudar, ou melhor, usado. As pessoas mais generosas e mais simpáticas são na realidade as mais egoístas e as mais invejosas. Para onde você olha você vê gente ruim ao redor. Nada parece ter solução, todo aquele pensamento de que o ser humano é ruim vem à tona. São todos ladrões, todos enganadores, falsos, invejosos, ruins... Não sei mais quem é quem.É simplesmente uma observação que fiz, um desabafo. Meu vizinho, aquele que parecia ser a pessoa mais equilibrada do mundo, é um cara recalcado! Porra! Onde estamos! Tem gente se drogando, achando que está sendo o máximo, em sair de seu controle!
Outra coisa é a violência. Eu tenho de conviver com pessoas agressivas que não tiveram educação o dia inteiro. É só pegar um ônibus. Ficar sentado 5 minutos, e você verá alguma grosseria. O motorista passa do ponto, e o cara grita : “Ô motorista, não vai parar não ô filho da puta¿ e começa a bater no ônibus. Pra quê¿ O que você ganha com isso, tempo, dinheiro¿ Daqui você segue para o caixão, para debaixo da terra. Você virará comida de vermes.
Pra quê ser assim¿
As pessoas vão se matar, em breve.
Duas poesias que eu já tenho há um bom tempo, em homenagem a esta matança:


Neurose Coletiva
A Bomba veio pelo correio
Não havia nenhum receio
Ninguém esperava que aquela caixa ia explodir
Uma encomenda anônima, um sonho
Pronto para se destruir.


O que você tem a dizer?
Se você não pode saber o que é?
Que te cerca, que te leva para lugar nenhum


Ninguém vem por acaso
Acho que o mundo vai acabar com todos
Aqueles que tem alguém (à espreita)
Alguma coisa está te esperando
Uma força que está te puxando


O que você tem a dizer?
Se você não pode saber o que é?
Que te cerca, que te leva para lugar nenhum


A Bomba atômica foi a solução
Para problemas de interação
A gente só vai se tocar,
A gente só vai olhar,
Quando tudo acabar.


Não Há Volta
As pessoas adoram problemas
Adoram arrumar confusões
E querem destruir tudo que é novo


Vocês são todos otários
Achando que são alguma coisa
Daqui vocês morrerão,
E tudo será Pó.
Tudo virará Pó.


Pessoas, Lixo, Dinheiro Violência,
Sexo, Sofrimento, Amor, Morte
Paz, Guerra, Luxúria, Fome.
Não busquem problemas onde não têm
Não busquem problemas onde não têm.
Apenas parem de ser, tão...
Sujos.


Pessoas, Lixo, Dinheiro Violência,
Sexo, Sofrimento, Amor, Morte
Paz, Guerra, Luxúria, Fome.
Vocês irão morrer, e tudo irá acabar.
Não há solução para o que já está
Solucionado
Não, não há...
Não há volta, Não haverá solução.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Into The Wild

Vim aqui publicar um trecho de uma poesia do poeta inglês Lord Byron.

Esse trecho abre o filme Into The Wild (Na Natureza Selvagem), por isso o título do posto. Traduz exatamente como eu me sinto diante das mais belas paisagens naturais.


There is a pleasure in the pathless woods,
There is a rapture on the lonely shore,
There is society, where none intrudes,
By the deep sea, and music in its roar:
I love not man the less, but Nature more.

Lord Byron, Childe Harold's Pilgrimage

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A VELHA ESCOLA - PARTE 4

PARTE IV - 2007

Era o primeiro dia de aula, no colégio. Pelo menos de Marcelo como professor. Era professor do primeiro e segundo ano do Ensino Médio. Três horas com o primeiro na quinta, e três horas com o segundo na sexta.
Qual não foi sua surpresa ao constatar que a sala do primeiro ano ainda era exatamente onde era na sua época de estudante.
Ao entrar na sala, Marcelo teve vontade de se sentar em uma das várias cadeiras distribuidas pela sala e esperar pelo professor.
Então sobreveio um turbilhão de memórias. Marcelo se lembrou de entrar naquela sala, sentar-se na última carteira para poder conversar com Clara. Se lembrou de como ansiava terminar a escola, para ser justamente professor.
Uma lágrima escorreu pelo rosto de Marcelo.
Ele sentou-se em sua cadeira, à frenta da sala. Entou alguém bateu à sua porta. Ainda não era nenhum aluno. Era o professor Lúcio. Ele era um dos poucos que ainda trabalhavam na escola, mesmo tendo se queimado severamente no incêndio. Marcelo ainda não o contara que era um antigo aluno, nem ele o reconhecera. Queria esse informação só pra si, na primeira semana, pelo menos.
Ao extender o braço para lhe entregar um papel Lúcio deixou exposta uma das inúmeras cicatrizes do incêndio.
Marcelo sentiu uma enorme compaixão por aquele homem, mesmo sabendo que era o mesmo que tantas vezes o prejudicara.
O papel nada mais era do que a chamada e a lista de faltas.
Assim que o professor Lúcio se retirou, sem reconhecer Marcelo, os alunos entraram, um por um.
Era dos mais variados tipos, alguns mais atrasados que outros. Levaram quase quinze minutos para a turma se acertar em seus lugares, ainda conversando e no clima de férias.
Quando finalmente todos estavam sentados, Marcelo iniciou sua aula.

***

Fernando corria. A sirene do carro de polícia fazia um barulho que, em seus ouvidos, parecia ensurdecedor. Se escondeu em um beco. Se alguém o achasse ali, era seu fim. O carro passou direto. Finalmente, Fernando respirou com mais tranquilidade.
Olhou, o alívio estampado em sua face, para a mochila onde se escondia sua mercadoria. Aquilo era muito dinheiro. Começou a contar.
Dez mil. De uma tacada só. Em notas de cinquenta.
Olhou para o outro lado. Uma senhora, bem idosa, capengava pelo chão;
- Uma moedinha, pelo amor de Deus.
Pediu a senhora.
Fernando se sentiu enojado quando a mulher pegou na sua mão.
Era só mais uma, pensava Fernando. Mas essa mulher conseguira, de alguma forma, ao tocar a mão de fernando, tocar seu coração.
Fernando puxou uma nota de cinquenta dentre as muitas da mochila. Entregou nas mãos da mulher.
- Use bem.
Disse ele.
- Obrigada, meu filho, ainda existe bondade em você.
Respondeu a mulher.
Então as feições da mulher começaram a mudar. E, como mágica, sua mãe o olhava, com a nota de cinquenta nas bem presa nas mãos.

Fernando acordou. Fora um pesadelo. Ele se sentou em sua cama. Olhou o relógio. Três e meia da manhã. Naquele momento, o telefone tocou. Fernando atendeu. Era seu pai. Ele não sabia como seu pai conseguira aquele número, mas conseguira. Provavelmente pedira para o velho empregador de Fernando, com que ele ainda mantinha contato.
- Filho - disse o pai, com a voz extremamente baixa - vem aqui em casa, por favor.

As horas que se seguiram foram as piores da vida de Fernando. Ele chegou à casa de seu pai, que estava com os olhos vermelhos. Logo notou que as coisas não iam bem.
Então ele soube da verdade. Sua mãe havia morrido.
- Que horas?
- Eu te liguei assim que soube.

***

Depois de algumas semanas dando aulas Marcelo já se sentia à vontade com seus alunos e colegas de trabalho. Um de seus alunos, Felipe, era realmente bagunceiro e o lembrava de Fernando.
Era dia de reunião, e assim que Marcelo entrou na sala, percebeu que os olhares se voltaram para ele. A professora de Geografia tomou a palavra:
- Marcelo, porque você não disse pra gente que foi aluno daqui.
A pergunta pegou Marcelo surpreso, pois não esperava que esse pergunta lhe fosse feita desse modo, nem na frente de todos os outros professores, principalmente Lúcio, com quem, mesmo trabalhando no mesmo local, não mantinha nenhum tipo de relação além da estritamente profissional.
- Bem... - começou a responder - Eu... Preferia que não soubessem disso, é verdade, pois não queria que isso modificasse a forma como vocês me veêm como profissional.
A reunião foi um pouco constrangedora, mas aparentemente os professores engoliram sua desculpa.
Só aparentemente.
Ao final da reunião, quando Marcelo abria a porta de seu carro para ir embora, um outro carro parou ao seu lado. Ao volante, o professor Lúcio:
- Marcelo. Tá afim de tomar uma cerveja?
Perguntou Lúcio.
Não era mais o momento de fugir da verdade, teria que se confrontar com o velho professor Lúcio.
- Vamos. Onde?
Lúcio pareceu pensar um pouco, até que respondeu:
- Tem um ótimo restaurante na frente da praia, segue meu carro.

Chegando ao restaurante, estacionaram os carros logo após a esquina.
Aos poucos, o Sol ia se pondo, descendo de seu patamar, dando lugar à escuridão.
Dentro do restaurante, foram indicados a uma mesa próxima da janela. De lá, viram um homem sentado, solitário, em um banco.
Marcelo e Lúcio ficaram longos cinco minutos sem falar nada, até que Lúcio resolveu quebrar o silêncio:
- Então, qual foi o real motivo de você não ter contado para todos que você era um antigo aluno.
Marcelo sentiu-se supreso que Lúcio já não tivesse adivinhado os motivos:
- Eu não tinha motivos pra contar pra nenhum de vocês.
- Pra mim tinha!
- Tinha? Qual?
- Eu era seu professor! Eu gostaria de saber que estava trabalhando com um antigo aluno.
- Mesmo que o antigo aluno fosse eu?
- O que você quer dizer com isso?
Marcelo queria socar o rosto daquele homem, todas as vezes que quisera isso durante seus anos de escola vindo à tona.
- Você só atrapalhou minha vida, sempre me humilhando para os outros alunos, sempre me fazendo de babaca na frente de todos! Você realmente esperava que eu viesse todo feliz te dizer que seu velho e maltratado aluno estava de volta?
- Eu... Melhor irmos embora, Marcelo.
- É.

***


Fernando caminhou pela beira da praia. Fazia pouco mais de um mês que sua mãe havia morredo, pensava ele.
Infelizmente, ele não estava ali para pensar na mãe. Estava para roubar. Finalmente ele encarava suas atividades como um homem. Era um ladrão, e como tal agiria, não importando as consequências.
Então viu os dois homens saindo, indo na mesma direção. Sacou sua arma.
Chegou sorrateiramente nos homens.
Ouvia a conversa deles.
- Eu espero que você um dia me perdoe, Marcelo. Eu não fiz por mal.
- Um dia, Lúcio, quem sabe.
Então, sem pensar, puxou a camisa de um, colocando a arma encostada na testa dele.
Quando o outro se virou, percebeu que colocara a arma na cabeça do mais novo.

Marcelo nunca sentira tanto medo quanto quando sentiu o frio metal contra sua pele.
Lúcio não sabia o que fazer. Quando se virou, percebeu que algumas das feições não lhe eram estranhas.
Então reconheceu.
- Fernando... - disse ele - Não...
Mas Fernando não lhe deu atenção. Então, mesmo sem nunca ter sido treinado, Lúcio puxou a arma das mãos de Fernando.

Ao ter a arma puxada, Fernando reagiu institivamente, apertando o gatilho.

Lúcio sentiu uma estranha queimação em seu peito. No minuto seguinte, estava caído, o sangue jorrando.
- Fernando...
Disse com uma voz extremamente fraca, quase um sussurro.
Fernando ouvira, e então se dera conta de onde conhecia aquela voz. Era o velho professor Lúcio. Então o outro...
- Quem é você? Qual é o seu nome?
Gritou Fernando, desesperado, arrependido do que acabara de fazer.
Marcelo percebeu que havia algo estranho, e mesmo com medo, respondeu:
- Marcelo.
O mundo de Fernando ruiu naquele momento.
- Marcelo... - começou ele, com a voz fraquejando - Sou eu, Fernando... do colégio.
Então tudo ficou claro.
Marcelo odiara aquele homem, quando ele ainda era um menino, com todas as forças, mas agora não queria o mal dele. Seu arrependimento de ter acabado de matar seu professor preferido seria suficiente.
- Corre, Fernando! Corre antes que eu chame a polícia! Corre, porra!
E ele correu.

***

Era o enterro de Lúcio, e Marcelo e Clara, assim como todo o corpo docente do colégio, caminhavam lentamente pela cemitério. Chovia muito, portanto todos os guarda-chuvas estavam erguidos.
Enquanto os empregados do cemitério desciam o caixão, e o padre resava as últimas preces, Marcelo percebeu um homem, bem ao longe, ajoelhado, olhando diretamente para o enterro de Lúcio.
Se aproximou do homem.
Era Fernando. Ele chorava, as lágrimas brilhando contra a luz pálida que vinha do céu.
- Então, e agora?
Perguntou Marcelo, ciente de que olhares se voltavam para ele, inclusive o de Clara.
- Eu não sei. - Respondeu Fernando - Mas... Você não contou a ninguém que fui eu, contou?
- Não.
- Então agora só me resta buscar redenção, de alguma maneira.
- Adeus, Fernando.
- Adeus, Marcelo.

***
Marcelo chegou para mais um dia de trabalho.
O Colégio ainda não encontrara um novo professor de Literatura, mas logo encontraria.
Os alunos o esperavam. Ele começou sua aula.
Ao fim da mesma, ao sair do colégio, olhou para trás.
E lá estava ela, majestosa, triste, cheia de histórias. Lá estava, imóvel e bela, A Velha Escola.

***

Fernando agora buscava a redenção, e sua maior fonte de força era sua mãe, e sua últimas palavras, que embora ninguém o tivesse dito quais foram, ele sabia perfeitamente quais eram. Ela as tinha dito somente para ele, em seu sonho:
"Obrigada, meu filho. Ainda existe bondade em você"





Comentário do autor:

Como disse antes, A Velha Escola possui um teor autobiográfico na primeira parte, mas, após isso, toda sua história é fictícia, exceto por pequenos detalhes que prefiro não especificar.
O personagem Lúcio é o único completamente baseado em uma pessoal real, exceto por seu final.
A pessoa na qual ele foi baseado tem plena consciência da minha opinião sobre ela, pelo menos eu acho, e saberá quem é se um dia ler o conto.

sábado, 20 de setembro de 2008

Segredos

Resolvi escrever aqui um poema meu do qual eu gosto muito! Chama-se segredos, espero que vocês também gostem!

Segredos

Por que tê-los?
Se para tê-los, por que fazê-los?
Pois quando revelados são demasiado dolorosos
Se dolorosos, porque provoca-los?
Indubitavelmente errados, ou não os seriam
Se corretos fossem, desnecessário fazê-los
Tarde aprendi que nada valem
Machucam, aviltam, ressecam e torturam a alma
Criando a angústia que persegue até ao leito moribundo
Tornando-nos vazios e opacos, num mundo repleto de brilho

terça-feira, 16 de setembro de 2008

A VELHA ESCOLA - PARTE 3

PARTE III - 2006

O casamento tinha que ser perfeito. Marcelo e Clara estavam, pela milésima vez, revisando a lista de convidados: antigos colegas de escola, colegas de faculdade, amigos de outros locais, família... Mas dentre todas as possibilidades de convidados, os antigos colegas de escola se mostravam os mais problemáticos.
Alguns eram praticamente impossíveis de encontrar, como Fernando, que Marcelo só chamaria por educação.
Mesmo assim, todas as tentativas foram feitas, ainda assim, além de Fernando, outros oito não foram achados.
No dia do casamento, Marcelo sentia como se toda a vida se resumisse a aquele momento, como se toda a sua trajetória se resumisse naquilo.

***

Casar na Igreja fora uma exigência de Clara, pois seus pais eram católicos e sonhavam que ela casasse na igreja.
Marcelo esperava ansiosamente pela entrada de sua noiva. Todos os convidados calaram-se, aguardando ansiosamente os primeiros passos de Clara dentro da igreja.
E então ela entrou. Sua beleza radiante iluminava todas as faces de espanto que permeavam a belíssima igreja em estilo barroco.
O tempo decorrido entre sua entrada, com seu pai, e o "pode beijar a noiva" quase não existiu. Tudo, para Marcelo, era só um borrão de felicidade, que começou a se tornar mais lúcido na festa, quando a conversa com uma antiga colega, Camila, se virou para a velha escola:
- Mas e aí, vocês têm tido notícia do colégio?
Perguntou ela.
- Não - respondeu Marcelo - Desde que saí de lá não ouvi mais falar.
Então Marcos, outro antigo colega, se aproximou:
- Eu tenho tido notícias do colégio.
E desatou a contar todos os fatos ocorridos na velha escola, desde o final do ano de 1997.
Assim que Marcelo, Clara, e todos os outros terminaram o terceiro ano, Fernando repetira novamente o segundo ano e saíra do colégio. Naquele mesmo ano, uma tragédia se abatera sobre a instituição: Um incêndia nos prédios do primário, que causara a morte de cinco alunos e da antiga diretora, Dona Alice.
A notícia não era exatamente das melhores, mas eram águas passadas. Pelo menos era o que pensava Marcelo.
Depois do incêndio, o colégio fechara por um ano, mas assim que foi reaberto, a maior parte do corpo docente voltara, inclusive o professor Lúcio, que ficara hospitalizado por semanas, depois de ter tentado salvar algumas crianças do incêncio.
Após esse eventos, o colégio se normalizara.
- Mas esse ano é o último ano do professor de história. Ele vai se aposentar. Porque você não tenta a vaga, Marcelo?
Terminou Marcos.
- É - disse Camila - Por que não? Já imaginou, voltar?
Marcelo não respondeu. Na verdade, já imaginara, sim, voltar, mas nunca considerara isso uma real possibilidade. Agora, isso ERA uma possibilidade.

***

A dúvida atormentara Marcelo quase até o final do ano. Tentar ou não a vaga como professor na Velha Escola, que era como ele a chamava sempre que a ela se referia.
Lembrava-se de todos os momentos, como flashbacks dolorosos de um passado distante, como se fosse a vida de outra pessoa.
As brigas, as paixões, o primeiro encontro com Clara... O primeiro encontro com Clara. O lugar guardava sua lembrança mais querida. Será que viriam outras?
Só havia um jeito de descobrir. No dia seguinte iria à escola. E conseguiria o emprego. Desse dia em diante, sua vida nunca mais seria a mesma, pois estaria retornando para a Velha Escola.

***

Fernando nunca ficou sabendo do casamento de Marcelo. Mas isso não importava. O que importava era o momento. E o momento era de executar mais um de seus... trabalhos.





Comentário: Apesar de alguns aspectos de A Velha Escola serem de certa forma autobiográficos, a história em si não é baseada em nenhum fato que tenha acontecido a mim ou a qualquer outro.
Entretanto, qualquer semelhança com pessoas reais não é mera concidência, apesar do mesmo não se aplicar aos fatos. Ao fim da parte 4 explicarei melhor tais aspectos e suas implicações do meu dia-a-dia.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A VELHA ESCOLA - PARTE 2

PARTE II - 2002

Marcelo finalmente realizara seu sonho. Estava terminada a faculdade. Agora, imaginava ele, tinha todo um futuro a sua frente.
Marcelo então se lembrou de alguns fatos que marcaram seu período na escola. Lembrou-se então do professor Lúcio Pereira.
Subitamente se viu tomado por uma curiosidade. Será que o professor sabia que o aluno que sempre brigava com ele se tornara nada menos que um professor? Não de literatura, como ele, mas de história, entretanto ainda assim um professor.
"Engraçado", pensou, "os rumos que a vida toma. Desde a sexta série eu tenho problemas com um professor, e quando me formo, viro um professor"
Naquele momento, pensou em Clara.
Clara que se mudara para os Estados Unidos assim que terminaram o segundo ano, pois seu pai arranjara um novo emprego que demandara uma mudança.
Como ela fazia falta... Tudo que Marcelo queria era Clara ali, ao seu lado, no momento mais feliz de sua vida.

***

Fernando apertou mais o parafuso.
"Que situação, pensou ele".
Desde que repetira o segundo ano, Fernando nunca mais fora o mesmo. Quando repetira a segunda vez, ele saiu do colégio.
Seu pai o obrigara a estudar em um colégio público. Depois de seis meses, fugira de casa. Arranjara um pequeno emprego como mecânico, mesmo que não entendesse nada de mecânica, que dava pra pagar "qualquer merda" em algum canto da cidade.
Com o tempo, conquistara a confiança do patrão, e passara a entender de mecânica. Agora já ganhava um salário maior, o que não queria dizer muita coisa.
Enquanto apertava o parafuso, seu patrão o chamou.
Ao entrar na sala imunda em um canto da oficina Fernando percebeu que não estava tudo bem.
Seu chefe aparentava cansaso, além das visíveis olheiras em seu rosto. Algo estava muito errado.
- Por favor, Fernando, sente-se. - disse o chefe - Olhe isto.
E o chefe estendeu um papel, que visivelmente fora dobrado e desdobrado inúmeras vezes.
Fernando não podia acreditar no que via. Era impossível. Como as contas poderiam fechar assim.
O chefe percebeu a surpresa de Fernando, e se limitou a confirmar com a cabeça, até que finalmente falou:
- Por conseguinte, vamos ter que fechar a loja.
- Mas... Carlos, e todos os funcionários? - perguntou Fernando - E eu!?
- Sinto muito, Fernando, mas é inevitável.

Fernando ainda se perguntava como conseguira chegar à casa naquele dia. Cada passo parecia que uma bigorna estava atada aos seus pés. Ele via seu futuro indefinido. Como sairia daquela situação? Ainda tinha suas economias, mas elas não durariam muito.

**** 2 meses depois ****

Marcelo não acreditava que recebera aquele telefonema. Pegara seu carro, recém adquirido, e partira em direção ao aeroporto. Tantos anos depois, e Clara estaria de volta.
Assim que chegara, ao invés de pegar um táxi, Clara o telefonara para que ele fosse buscá-la.
Assim que encostou o carro no terminal ele a viu. Maravilhosa, exuberante. Ela se dirigiu ao carro, colocando sua bagagem no porta-malas.
Mesmo sem muitas esperanças, Marcelo se arrumara para convidá-la para jantar. Como se estivesse tudo ensaiado ele começou:
- Então, Clara, onde vai pretende ficar, agora de volta ao Brasil?
- Na casa de uma prima, não muito longe da sua, pelo menos até eu alugar um apartamento ou coisa assim.
- Entendo
- Assim que eu me acertar melhor aqui eu te ligo, e a gente faz alguma coisa.
- Mas... você gostaria de ir jantar comigo hoje?
- Hoje? Sim... claro.
- Então vamos.
- Assim, direto daqui?
- É!
Clara pareceu surpresa, mas logo se recuperou, de forma a aceitar o convite de Marcelo. Naquele noite, depois de algumas bebidas, eles acabaram confessando sentimentos um pouco mais profundos um pelo outro, e, como alguns muitos jovens como eles, acabaram na casa de Marcelo. O celular de Clara tocava sem parar, sua prima tentando, preocupada, falar com ela.
Mas aquela noite era deles. E depois desse dia, não se largaram mais.

***

Fernando passara os últimos dois meses vivendo de suas economias, que já estavam acabando. De vez em quando voltava seus pensamentos para o velho pai, e onde estaria agora. E foi em um desses dias que tomou a decisão de procurá-lo.
Chegou à sua casa durante a noite, e bateu na porta.
Alguns segundos depois seu pai apareceu, vestindo pijamas e fumando um cigarro. Não pareceu feliz em ver Fernando.
- O que você quer?
A aspereza em sua voz surpreendeu Fernando.
- Pai... eu fui demitido, preciso de ajuda!
- E agora você vem me pedir ajuda. Aqui a ajuda que eu vou te dar.
Entrou em casa, pegou a carteira, tirou uma nota de cem reais e colocou na mão do filho:
- Talvez um dia você volte para esta casa com a mesma aparência com que saiu. Nesse dia eu aceito você como filho novamente.
E bateu a porta.
Fernando apertou os cem reais em suas mãos, e saiu.
Ao sair, notou uma movimentação estranha em um beco cem metros adiante. Era um assalto. Fernando se aproximou sorrateiramente. Sem que o meliante percebesse, ele chegou perto por trás, e com um rápido movimento, tirou a arma das mãos do sujeito.
- Vaza daqui!
Disse Fernando, apontando a arma para o bandido. A vítima então também saiu correndo, deixando Fernando sozinho com a arma em mãos.
Guardou a arma em uma gaveta, e por mais algumas semanas permaneceu olhando para ela, pensamentos maldosos percorrendo sua mente. Roubar, uma forma mais fácil de conseguir dinheiro!
E assim seria.
Foi no mesmo beco onde conseguira a arma. Esperou alguém se aproximar. Rendeu um pobre cidadão. Pegou o dinheiro dele. Antes que se desse conta, o homem avançou sobre ele. Dois disparos.
Fernando pegou a carteira da vítima e saiu correndo, repetindo para si mesmo que fora um acidente, quase que religiosamente.
Mas não fora, e Fernando sabia disso. Era bom. Era fácil. E era quase garantido.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

A VELHA ESCOLA - PARTE 1

O conto A VELHA ESCOLA será dividido em quatro partes, em quatro anos distintos.
Aqui vai a primeira.
A Velha Escola


Parte I - 1995

Marcelo chegou ao colégio. Era uma quinta-feira. O dia da aula de literatura, no primeiro ano do Ensino Médio. Ele tinha motivos para temer a aula. O professor não era exatamente o que se chama de flor-que-se-cheire. "Mais um dia isso será claro para todos", pensava Marcelo.
Talvez sua infelicidade só se comparasse em tamando à felicidade de Fernando, chegando ao mesmo colégio, colega de classe de Marcelo. Literatura não era exatamente seu forte, talvez porque leitura não fosse sua atividade preferida, mas o professor era, na sua opinião, muito gente boa, um cara ótimo.
Marcelo e Fernando não se gostavam muito. Faziam trabalhos juntos quando precisavam, mas nunca foram amigos, nunca frequentaram os mesmos locais e quase nunca concardavam.
Ambos entraram na sala de aula ao mesmo tempo.
O professor Lúcio entrou. Como sempre, trazia em suas mãos uma pasta de tom bege, onde colocava toda a sua papelada e etc.
- Bom dia.
Disse ele, e a turma automaticamente respondeu a mesma coisa.
- Por favor, sentem-se - ele falou pra alguns alunos, no que foi obedecido - bom, eu pedi pro inspetor trazer a televisão pra cá. Como hoje entraremos em Barroco, quero que vejam um vídeo feito pelo primeiro ano do ano passado sobre isso.
"Melhor assim", pensou Marcelo, "pelo menos ele não vai me encher a paciência".
O vídeo começou. Marcelo percebeu uma movimentação no canto da sala. Era Fernando, que junto com Marcos, Camila e Pedro faziam uma baguncinha. O professor Lúcio olhou para lá. Pareceu que os alunos tinham entendido a mensagem, e por alguns minutos, ficatam mais quietos.
Então o barulho recomeçou. O professor, percebendo que somente seu olhar não adiantara, resolveu dizer alguma coisa.
- Meus queridos, por favor...
- Pô, desculpa aí, professor - disse Fernando - foi mal.
O vídeo que recomeçara. Lúcio se sentou bem atrás de Marcelo, que somente por isso se sentiu desconfortável. Então percebeu um detalhe. Ele poderia estar na frente do professor.
- Professor - disse ele - eu tô na sua...
- Olha o vídeo.
Interrompeu o professor rispidamente.
- Mas eu... - continou Marcelo - eu tô na sua frente?
- CALA A BOCA - berrou o professor, sobressaltando toda a turma - não percebeu que eu quero ver o vídeo.
Marcelo calou a boca, se sentindo um pária em relação a turma. A raiva subia a sua cabeça. Mais um pouco, um único ato daquele desgraçado, e ele iria explodir.
Foi então que sentiu uma mão nas suas costas. Era Clara. Se não fosse por essa menina, ele não aguentaria as aulas de Lúcio. Só ela era capaz de perceber o quanto ele se sentia injustiçado pela clara preferência daquele monstro em relação aos outros alunos, exceto ele. Era sempre ele que o acalmava. Era incrível, e muitos, quando ficavam sabendo, não acreditavam, que não aconteceu nenhum tipo de relacionamento além de amizade entre eles.
- Professor, posso ir ao banheiro?
Perguntou Fernando.
- Espera acabar o vídeo.
Respondeu o professor.
- Mas professor, é sério...
Se fosse valer a lógica do que o professor fizera antes, Fernando também ouviria um grito, algum desrespeito do tipo, mas não com o professor Lúcio Pereira.
Para ele valia a lógica da preferência.
- Tá, vai...
Marcelo não aguentaria mais. Se levantou. Sua mente estava em outro lugar. Mas não diria nada. Simplesmente pegou suas coisas e se dirigiu a porta da sala.
- Aonde você vai?
Perguntou o professor.
- Para fora da sala! - respondeu Marcelo, em tom de afronta - não tá vendo?
Clara se levantou.
- Calma, Marcelo! - disse ela, chorosamente - por favor, volta pro seu lugar.
Então a sanidade voltou a Marcelo. O que ele estava fazendo.
Lentamente, se sentindo envergonhado, ele se dirigiu a sua cadeira, esperando continuar a aula normalmente.
- Agora, Marcelo, me acompanha, por favor. - disse o professor - não é você que escolhe se sairá ou não da minha aula.
Sem opção, Marcelo se levantou e foi com o professor até a sala da coordenadora.
Ao serem atendidos, o professor se antecipou a Marcelo em sua fala.
- Sabe, Ana - esse era o nome da coordenadora - o Marcelo tem demonstrado, não é de hoje, um certo problema com as minhas aulas...
- Não é bem isso, professora! O Lúcio sempre me trata diferente dos outros alunos, me humilhando e prejudicando.
Interrompeu Marcelo.
- Por favor, Marcelo - disse a coordenadora - se acalme e me explique o que aconteceu.
Marcelo respirou fundo e disse:
- O professor Lúcio sempre age de forma a me prejudicar, fazendo com que todas as aulas que eu tenho com ele sejam uma constante provação da capacidade dos meus nervos.
- Certo... - disse Ana - E, Lúcio, o que você tem a dizer sobre isso?
- Eu não sei onde ele me viu tratando-o diferente de outros alunos...
- Não viu!? - interrompeu Marcelo, com a voz alterada - Quer que eu te diga. Você me tratou diferente agora, quando fiz menos que os outros alunos e, ainda assim, minha punição foi maior, você me trata diferente quando me ignora e não tira uma dúvida minha, quando você fala em voz alta coisas que deveriam ser ditas entre nós. Você é injusto e cruel, professor.
- Certo, certo - interferiu a coordenadora, preocupada com a situação - Vamos fazer um trabalho para melhorar esse relacionamento de vocês, mas vocês precisam se esforçar... temos um combinado?
Marcelo e Lúcio só balançaram a cabeça, sem dizer uma única palavra.
Mas o combinado nunca foi cumprido. Até que Marcelo terminasse o colégio, ele foi assombrado por Lúcio, e suas constantes provocações e quase-maldades.
Fernando acabou por repitir o segundo ano. Duas vezes. Na segunda, saiu do colégio, e por um tempo Marcelo não ouviu falar mais dele.