domingo, 31 de agosto de 2008

Ainda mórbido, ainda que irônico

Aí jaz, ou melhor, aí está, mais um conto da minha fase mórbida. Não, não estou em depresão, pelo contrário, estou incontrolavelmente feliz.
Esse conto não é uma mensagem de apoio a suicídios, pelo contrário. É apenas uma história como outra qualquer que na minha opinião tem muito mais de cômico do que de trágico.

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O IMAGINÁRIO AUTO-DEPRECIATIVO DE REGINALDO NUNES

Ao chegar ao apartamento depois de uma sessão de autógrafos na menor livraria mais perto de sua casa, o Sr. Reginaldo Nunes teve uma bela surpresa.
Um homem trajando um Black tie estava sentado em sua poltrona, do lado do abajur avermelhado com o Jack Nicholson estampado que ele havia ganhado em um evento especial sobre Stanley Kubrick.
Primeiro Reginaldo se assustou e deu um grito agudo. Depois levou a mão esquerda ao peito e apertou os olhos para entender melhor o que via. Então entendeu que deveria ser mais uma daquelas muitas pessoas que ele andava vendo nos últimos 15 dias e tinha aprendido a ignorar.
Virou-se, trancou a porta e seguiu para a cozinha.
“Você não me viu aqui?” foi o homem sentado na poltrona que perguntou com uma voz perfeitamente normal – nem aguda, nem grave, nem etérea, nem espalhafatosa.
Reginaldo não respondeu e estava obedecendo a ordens médicas quando não o fez.
“Você não me viu aqui?” inquiriu novamente o homem.
Reginaldo seguiu seus atos corriqueiros, pegou uma garrafa de leite e bebeu um gole em um copo de geléia de vidro grosso e tosco.
Passou pela sala indo para o quarto e impressionou-se pelo homem ainda não ter abandonado sua poltrona, e nem sua pose, de pernas cruzadas femininamente.
No caminho para o quarto ouviu um ruído estranho e voltou-se para a imagem sobre a poltrona. Agora ele estava com um cigarro na boca, aceso. A fumaça saia dele, tornando o ar periférico turvo.
Impressionou-se com o quanto o seu novo amigo imaginário era verossímil, quase teve vontade de ir até lá e tocá-lo, mas logo viu que se entregaria a loucura se o fizesse.
Seguiu até o quarto e abriu o armário que ficava embutido na parede, pegando um pijama listrado que estava ali dentro. Como sempre, não tomou banho, apenas despiu-se e vestiu a roupa de dormir. Mas ainda ouvia os sons de tragadas do homem na sala.
“Você pode fazer o favor de vir aqui, Reginaldo, seu imbecil?” berrou o homem ainda sentado.
Reginaldo dessa vez conteve-se para não responder.
“VEM AQUI AGORA, SEU MERDA!”
“EU NÃO SOU UM MERDA!” replicou Reginaldo, mas logo se arrependeu de ter-lo dito.
Respirou fundo e passou a mão na testa, que agora suava um pouco.
Resolveu arrumar sua cama devagar.
O homem finalmente se levantou e veio caminhando a passos largos até o quarto. Parou a porta e apoiou-se com o ombro direito sobre o portal.
“Por que você não tira esse pijama ridículo e vai tomar um banho, seu porco nojento!?”
Reginaldo não respondeu.
“Eu perguntei porque você não tira esse pijama ridículo e vai tomar um banho, seu babaca!”
Reginaldo tentou manter-se impassível.
O homem soltou uma risada sádica de satisfação e voltou para a sala.
Reginaldo sentou-se na cama e ligou a televisão do quarto. Começou a zapear e encontrou um filme antigo que ele não assistia a tempos. Ficou uns 5 minutos observando a tela.
Ouviu novamente os passos se aproximarem e aguardou, nervoso.
O homem parou novamente no mesmo lugar.
“Você não tem nada melhor para fazer do que assistir a essa droga na TV?”. Silêncio. “Inútil. Inútil.”
Nunes desligou a televisão e deitou-se na cama. Apoiando as mãos sobre o travesseiro e a cabeça sobre as mãos. O homem bateu a cinza do cigarro no chão e sentou-se um uma das pontas da cama de casal.
“Olha, Reginaldo, eu não quero te importunar, eu juro.”
Reginaldo vira-se na cama, para evitando a visão do homem .
“Eu só quero que você me ouça uma vez só.”
“Eu não vou ouvir nada!” respondeu, furioso.
“Já está ouvindo.”
Reginaldo sentou-se na cama, furioso.
“Não, eu não estou. Cala a boca!”
“Viu? Você está conversando comigo. Estamos dialogando, isso é bom.”
Uma lágrima escorre de um dos olhos de Reginaldo que volta a deitar-se, com o rosto virado para o lado contrário de onde o homem está.
“Vamos, cara, estamos indo tão bem. Fala comigo”
Reginaldo cobriu a orelha com o travesseiro e o apertou forte contra o rosto.
“Vamos. Vamos. Só quero conversar com você...” Silêncio. “Vamos, Reginaldo.” Mais silêncio. “Fala comigo, porra, eu não estou com paciência para suas gracinhas, cara. ME OUVE! Não me ignora!”
Reginaldo voltou a sentar-se na cama. “EU NÃO VOU OUVIR NADA” perturbado passa as mãos pelo rosto, aflito. “Você não existe, você não existe. Você... não... EXISTE! Sai da minha cabeça” então começou a golpear seu próprio crânio com as mãos, forte.
O homem se manteve em silêncio enquanto ele se batia, frenético. Aguardou paciente que ele parasse. Aprumou-se dentro do terno e então proclamou. “Pronto? Você já acabou com esse showzinho nonsense ou tem mais alguma afetação pelo caminho? Porque se você vai continuar com essa babaquice...” nesse momento Nunes tapou os ouvidos com a palma da sua mão. “Me ouve. Me ouve. Eu to dizendo que...” o escritor continua com as mãos nas orelhas “Reginaldo, eu to falando com você, você pode fazer o favor de me ouvir?” Reginaldo tira a mão das orelhas, finalmente. “Pronto, parece que agora você ouviu a voz da razão, né? Agora você vai me ouvir, não vai?” Silêncio. “Não vai?”, mais silêncio. “Bom, melhor assim”
“Olha só, Reginaldo, o que eu tenho pra lhe dizer é muito simples. Vou começar fazendo algumas perguntas, pra ser mais exato. Me diz. Pra que serve a merda da sua vida?”
Reginaldo se mantém em silêncio.
“Bom, sempre que você se mantiver em silêncio eu vou considerar que você não sabe a resposta.”
“Some daqui. Sai daqui!” Reginaldo disse essas palavras com a expressão impassível.
“Reginaldo, porra, não vamos regredir, né? Eu to só tentando te ajudar a se encontrar nessa vida inútil que você vem levando. Nesse número incrível de mentiras que você tem contado pros seus familiares, pros seus colegas, pros seus amigos, se é que você tem algum, além de mim. E isso tudo só pra... fingir... que você realmente é feliz. Vamos combinar que tá na cara que é mentira. Que tá escrito na sua testa: Eu sou um completo perdedor, me matem antes que eu o faça. E é nesse ponto que eu queria chegar, Reginaldo.”
Reginaldo continua sentado, com os olhos fixos, lacrimejantes, impassível.
“Meu amigo... O que mais você imagina que vai conseguir nessa vida? Todo mundo tá vendo. Você já tá velho. Você já tá tão velho. E não faz idéia das mentiras que escreve nos seus livros. E é POR ISSO que eles não dão certo. POR ISSO que você é um ENORME fracasso. Você não viveu a sua vida enquanto podia. E agora? Agora você não pode mais. E aí o que? Vai ficar prolongando algo que já devia ter terminado? Na verdade, prolongando algo que nunca existiu?”
Reginaldo manteve-se quieto.
“Foi o que eu pensei. Agora vamos, acabe logo com isso.”
O homem se levantou e saiu do quarto. Reginaldo continuou estático por mais alguns segundos.
Depois levantou-se e caminhou fúnebre para o banheiro. Abriu a torneira e deixou a água cair na pia. Observou-se no espelho. Molhou as mãos e limpou as lágrimas já secas por sobre o rosto. Mantinha-se impassível.
Enxugou o rosto e voltou para o quarto, refletindo sobre o que dissera o homem. Depois pegou o frasco cheio de comprimidos e sentou-se na cama. Abriu o frasco e o virou na mão. Pegando apenas uma pílula. Engoliu-a a seco. E repousou o frasco no criado-mudo. Deitou-se na cama e puxou o cobertor por sobre seu corpo.
“Foda-se minha mente” pensou. E depois fechou os olhos, mas só por algumas horas. Não enlouquecera. Ainda.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Me chamem de Mórbido, Funesto Mórbido.

Bem, amigos e amigas, vou postar mais uma vez nesse blog aqui alguns textos que eu escrevi. Mas tem um detalhe. Se a qualidade deles é duvidosa, a morbidez é INQUESTIONÁVEL, ou seja, se não querem ficar tristes vão ler outros textos.
Eu não sou nenhum maníaco suicida, pra quem não me conhece.

Estão aí.
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Moça

Na morgue sombria, aguardava, sombrio
Bernardo e seu traje ensangüentado
Pelo corpo que vinha, sem pulso e frio
Imóvel, de olhos fechados

Chegado o corpo, feminino, esguio
E a alva pele de manchas maculada
Fez Bernardo sentir um cruel calafrio
E no peito uma dolorosa fisgada

Entortou-se para trás, afônico e tonto
E apoiou-se em um móvel qualquer
Plantou em seu rosto uma expressão de espanto
Ao notar que conhecia a mulher

Procurou, ansioso por alguma identificação
Onde estaria marcada?
Não havia seu nome, ou qualquer marcação,
Ela apenas morrera, e mais nada

O cadáver passara por um tratamento anterior
Estando limpo com muito asseio
Tornando visível como um esplendor
Um grande orifício em seu seio

Não teve coragem de começar a examiná-la
Antes de conhecer sua identidade
Abriu com os dedos seus olhos, cor de opala
E viu em seu reflexo a verdade

A princípio, lembrou-se vagamente
Do tempo que ainda estudava
E então, em sua mente e tão de repente
Surgiu a jovem que tanto amava

Os cabelos de cachos caindo
Por sobre os ombros tão finos
A boca rosada sorrindo
Encantando a todos os meninos

Lembrou-se dos dias imundos
Inteiros passados nos cantos
Olhando-a com seus olhos profundos
Agora desfeitos em prantos

Lembrou-se de como chorava
E cantava seu amor postergado
E de como se magoava
Por tão longamente ter-la amado

Arrependeu-se de não ter-la contado
Houvera a oportunidade uma vez
E chorou seu amor, mal amado:
Agora já era morta Inês.


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A velha

Ela girou a chave e entrou na sala de seu apartamento que fedia a naftalina e poeira. Nem acendeu a luz, pôs logo o saco pardo abarrotado de compras sobre a mesa de jantar e abriu as cortinas espessas para deixar a luz do sol invadir, dando vida aquela sala mórbida e senil.Os mais de sessenta e cinco anos pesavam por sobre suas costas, curvando-a. Seus cabelos grisalhos e em ondas prendiam-se em um coque malfeito, impedidos de cair por sobre seu rosto cheio de rugas típicas de velha.Sua velhice a envergonhava. Enraivecia-se por não poder mais cumprir as árduas tarefas domésticas, não poder limpar os cantos imundos e frios de sua casa soturna. Não poder trocar as inúmeras lâmpadas queimadas no seu teto.Envergonhava-se ainda mais de estar ultrapassada. De não conseguir usar o computador velho que apodrecia sobre a mesa do quarto de seu filho, que nunca mais a viera visitar.Sua expressão era de acentuada amargura. Ainda sentia a perda de ter sido abandonada pelo marido. De ter sido entregue às sombras e ao frio, como uma indigente.Colocou o LP do Vinícius que tinha na sua vitrola quase tão velha quanto a própria velha. E ouviu “Samba em prelúdio” uma, duas, cinco, oito, dez, doze vezes. Andou até seu quarto e viu o porta-retratos que trazia uma foto de três pessoas felizes. Era uma família. A mãe. O pai. O filho pequeno. Não era a velha. Não era seu marido. Ou seu filho. Poderia ter sido.Em muitos outros porta-retratos, pessoas diferentes sorriam para a velha, sempre em trios. Sempre os pais e o filho.A velha lembrou-se de uma vida que nunca teve e lamentou-se por não poder voltar àqueles tempos que nunca existiram.Mesmo muito emocionada, não derramou uma lágrima.Voltou à sala onde Vinícius agora cantava “Onde anda você” em outro disco. Pegou o saco pardo que arrebentou largando laranjas e tomates no chão imundo. A velha os observou e pulou-os, ignorando-os. Jogou os restos do saco pardo no lixo.Trocou o LP do Vinícius por um do Chico Buarque. Pegou o telefone e tentou o número da casa do filho insistentemente.Ninguém atendeu.As lágrimas começaram a cair de seus olhos, frenéticas. Quase jorrando. A velha não podia mais agüentar segura-las. Estavam fora de controle.Abriu a porta e ainda se ouvia Chico Buarque lá dentro. Andou até a escada enquanto ele estava no meio de “Pedaço de Mim”Ela não teve medo de sua decisão, pensara naquilo durante anos. O vão entre a escada que formava uma espiral de lá, do 10º até o saguão. Ela debruçou-se sobre o muro que protegia a queda, e tropeçou em sua própria mente. E flutuou no ar por alguns instantes, até se acabar no chão em tempo de terminar a música do Chico: “Leva os olhos meus, que a saudade é o pior castigo e eu não quero levar comigo a mortalha do amor, Adeus.”

Estão aí os textos. Façam o favor de comentar.

sábado, 23 de agosto de 2008

Eu tô é Fu.Ido

Oi pessoal...
Bom:
Ontem fui parar no hospital. Faltei nesses dias porque tive uma crise de bronquite (não tinha há anos) muito forte e muito incomum (nunca tive uma igual) que surgiu do nada. Geralmente a bronquite envolve tosse, muita tosse, e muita secreção (catarro). Mas dessa vez o que me assustou foi o fato de não haver nem tosse nem catarro. Meu pulmão estava limpo e eu não tinha força para respirar. Eu não conseguia ficar em pé, e eu quase desmaiei umas quatro vezes. Tive que sair da escola na quarta-feira, correndo, pois essa falta de ar havia surgido do nada. E o remédio que eu carregava para qualquer emergência (uma bombinha) estava fora da validade. Não havia gerado efeito nenhum.
Chegando em casa, fui fazer nebulização, eu não tinha adiantado de nada. Acabei tendo fraqueza e taquicardia por causa dos remédios e dormi.
No dia seguinte, fui em uma pneumologista e ela me receitou 6 remédios. Mas os efeitos demoram para serem realizados... São aqueles progressivos, sabe... Patológicos. Eu acho que é esse o nome.
E eu lembro de ela ter me falado para ir ao pronto socorro se sentisse muita falta de ar, pois os remédios não iriam ajudar com intensidade em uma emergência.
Bom. Aí eu voltei pra casa, andando que nem um velho corcunda (ainda tomei um cafézinho com waffle) e respirando que nem um rato asmático.
Eu não sei como é um rato asmático, Mas ele não deve respirar direito.

Depois de tomar todos os remédios, fazer todas as nebulizações e dormir mal pra cacete, descobri que emagreci bastante e que minhas olheiras aumentaram, me deixando que nem um zumbi. Já era sexta-feira, e eu estava bem ferrado.
Sem ter nenhuma melhora, minha mãe e eu achamos melhor irmos logo para o hospital. Eu estava muito... mal.
Chegando lá, no pronto socorro do barra dor, vi outros pacientes com doenças mirabolantes e vi aqueles médicos andando para lá e para cá. Graças a deus que eles existem mas... Puta que pariu, vão ser sádicos para escolher essa profissão lá na casa do caralho!
Fui atendido por uma clínica geral e ela me encaminhou para o setor da nebulização (para variar) e em seguida para o "corticóide venoso" e para a coleta de sangue. Primeiro, eu fui fazer a coleta de sangue. E não é a toa que eu não gosto de enfermeira gorda. Todas elas são brutas. Você verá a seguir o que ela fez.
Colhi o sangue (doeu e ficou latejando, mas geralmente é assim né) e fui para o corticóide venoso. O enfermeiro queria injetar na minha mão, mas na mão dói pra cacete; Eu pedi que botasse no braço, no mesmo da coleta de sangue. Meu braço direito. Em seguida, ao preparar a medicação entrou na cabine e disse que ia dar uma "espetadinha" (todos dizem isso)
Ok. Espetadinha;. Eu não gosto de olhar, mas eu sempre olho. Ele injetou a agulha em meu braço, e disse:
- Sua veia está profunda...
Eu perguntei:
- Isso é bom ou ruim?
Aí ele ficou em silêncio. Em seguida:
- Ah, nenhum dos dois.
Tá né.
Aí ele enfiou a agulha, e não achava a veia. Encontrou. Dessa vez doeu pra caralho. Ele começou a injetar a cortizona e perguntou:
-Tá doendo?
-Tá - Repondi.
-Muito?
-Pra cacete.
-Pois é. vou ter que parar. Sua veia está estourada.
-Como? Isso foi de agora ou foi de antes?
- Foi de antes.
Ah.... Só podia ser. AQUELA VACA DA COLETA DE SANGUE ESTOUROU A PORRA DA VEIA DO MEU BRAÇO. E agora, além de eu mal conseguir respirar, eu mal mexia o braço. E não parava de sair sangue. E deu muito nervoso.
Fiquei nesse estado uns 15 minutos... Aí ele voltou. E ia injetar no meu braço, fazer um terceiro furo. Mas aí eu falei que não, para que bostasse no meu outro braço.
Aí ele injetou a cortizona, e eu fiquei bem mole, e alto.
A cortizona é uma substância muito forte utilizada para as pessoas que tem problemas com asma. Ela salva as pessoas no momento da crise. Porém, se usada em excesso, traz problemas como cegueira, diabetes, problemas circulatórios e tal. Minha avó tinha asma. Ela usou cortizona por 18 anos. Ela começou a ficar com a vista muito embaçada. Ela suspendeu. Ela morreu. Em 1993.
E eu estava injetando uma dose cavalar de cortizona (uns 150 ml).
Em seguida, fiz a nebulização, e fiquei de molho. O resto do dia. Sob observação, e tal. ainda não sabiam o que eu tinha, mas sabiam que era do fundo alérgico da bronquite.
Fiquei lá, olhando o nada, e pensando na vida.
Ponto.
Mais tarde, fui para a radiografia. E descobri que não tenho NADA nos pulmões. Nenhuma secreção. Tudo limpo. E que meus batimentos cardíacos estavam normais e a taxa de O2 no sangue estava normal. Eu não estava respirando direito por causa da alergia que eu tenho e do tratamento que eu havia suspendido há meses. O remédio tava me dando taquicardia, mas eu não devia ter parado. Eu tinha que ter me conformado com a aceleração do coração. Eu descobri que tenho de fazer um esporte para fortalecer os pulmões (natação). E eu odeio esportes. Eu nunca fiz porra nenhuma. Eu cheguei a fazer muay-thai, e gostava, mas eu fiquei doente aí perdi a força de vontade. Agora eu tneho de fazer natação, para fortalecer os pulmões e para não precisar ir para o hospital com 17 anos.
Descobri que eu serei o próximo Michael Phelps.
Não. Tá na cara que foi uma piada. E sem graça.
Mas eu também não vou ser um rato asmático.
Pelo menos uma barata descascada que pratica esportes e tem uma vida saudável.
Desculpe o mau humor.
Ah, e a cortizona me curou. Agora estou respirando bem melhor. Mas eu tenho que tomar 9 remédios para manter a crise enfraquecida. Aliás. Tenho que tomar 3 agora. Me atrasei, escrevendo essa porra.
Esse drama do caralho.
Tchau.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Aquele que não é Importante.

É uma poesia sobre alguém que ninguém se importa, e que geralmente tem nojo.


O Mendigo


Ninguém nunca fala sobre ele
Ningúem nunca escreve sobre ele.
Ele não é nada para ningúem
Ele não é um ser vivo, ele não tem sentimentos.

Vamos lá,
Deixe-o de lado.
Queime-o
A cidade será "desinfetada".
Quem é ele?
Quem seria?

Nós não queremos saber daquele que cata as latas
(Do que a gente bebe)
Para sobreviver,
Não queremos saber,
Daquele,
Que não tem um casaco para se proteger.
E nenhum grito de socorro será atendido.
Nunca.
Porque ele não existe...Ningúem o vê.

E o Louco trará o troco.
Fará você pagar por aquilo que (você) roubou.
As queimaduras serão Apagadas.
E VOCÊ Será queimado.
Você é a verdadeira sujeira,
Que ainda virá a sumir,
E "desinfetará" a cidade.

sábado, 9 de agosto de 2008

A perda!

Hoje faz uma semana e dois dias que meu sogro morreu. Minha esposa está muito triste (claro) e eu angustiado! Por mais que esperássemos por esse momento (ele vinha em uma situação delicada e piorando! Cuidado com o diabetes. Ou será a diabetes?!) nunca achamos que ele realmente chegará para nós.
Eu perdi uma das minhas melhores amigas em 2002. Um golpe doloroso do destino. E desde então achei que estivesse preparado para outro momento destes, mas percebi meu engano. Ao ver a dor da minha esposa coloquei-me em seu lugar e a sensação foi horrível, inconsolável. Provei que estava enganado e que a perda é um dos piores sentimentos que se pode ter. A dor passa, o pior é a falta que a pessoa faz. O que a língua portuguesa lindamente chama de saudade.
Jamais estaremos prontos para a saudade. E se o tempo cura tudo, a saudade não tem cura. Pois quanto mais se passa o tempo mais a saudade aumenta e dói, pois nesse caso não há expectativa de reencontro.
Por isso acabei escrevendo agora mesmo uma poema sobre a perda. Não achei dos meus melhores, mas foi o que o coração mandou a mão escrever (quem escreve poema é o coração, e não a cabeça) nesse momentos. E achei outro que escrevi sobre o sentido da vida (é impossível falar sobre morte e não pensar nisso) e vou colocá-los logo abaixo.

A Perda
Imaginei-me pronto desta vez
Preparava-me desde a primeira
Quando a dor superou a esperança
E a angústia sufocou a alma
Encarando-a novamente
Provei-me enganado
O punhal perfurou a carne
E feriu fundo no peito
Desta feita indireta
Sofro pela amada
Sua parte que se vai
Seu pedaço que aqui fica
Quando o alvo for em cheio
Desejo pronto a esperar
Mas nunca curarei
A dor da perda
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O sentido da vida
Viver, sem medo do amanhã
Viver, sem remorso do passado
Viver, com esperanças a cada manhã
Viver, apesar do luto agoniado
Oferecer, sem esperar recompensa
Oferecer, sempre que lhe couber
Oferecer, apesar de toda descrença
Oferecer, mesmo após esmorecer
Sorrir, diante da maior dificuldade
Sorrir, enquanto espera a grande chance
Sorrir, repleto de suavidade
Sorri, mesmo que seja de relance
Agradecer, por tudo que conquistar
Agradecer, por tudo que perder
Agradecer, por ter a quem amar
Agradecer, por cada alvorecer